terça-feira, dezembro 20, 2005

Este blog não é um jogo de futebol

Já começo a escrever este texto de caso pensado. Um saco isso. Quero o espontâneo, o que acontece por acaso, o que sai sem querer querendo. No fundo sabemos muito bem o que queremos, mas nossa estrutura egóica fica querendo controlar tudo, controlar a vida, as experiências. Nós não gostamos de imprevistos. Fodam-se as previsões de tempo! Quero viver na mais profunda ignorância do que vai acontecer daqui a um minuto. Odeio a ciência com suas previsões, seus cálculos e premeditações, tentando controlar a vida e até a morte, a senhora suprema do desconhecido absoluto. Viva o momento espontâneo que acontece surpreendendo nossa mente. Quero o espanto. Quero o que não sei, quero não saber das coisas, quero aprender e desaprender. Vamos embaralhar de novo as cartas logo que terminarmos de jogá-lo. Cada dia é diferente do outro, nunca atravessamos o mesmo rio. Tudo passa. Como já dizia vovô Heráclito, o obscuro filósofo da sabedoria lá da puta que pariu do passado grego pré-socrático-platônico-ocidental. Ok. Está bom já ne? Obrigado mamãe, seu neném está bem. Por enquanto. Quero o momento, o instante mágico do que acontece sem esperarmos. Mas não. Nossa mente continua a querer saber o que vai acontecer daqui a pouco, planejando e tentando reviver coisas e repetir experiências que já passaram e não voltam e não terão mais repetição. Tudo passa. A impermanência de tudo é o que nos salva do inferno do mesmo. Quero o novo, embora o novo possa ser "parecido" com o velho. Um bis é sempre diferente do original. A mesma música no CD é sempre diferente. Livros mutantes me olhando da estante. Uma pesssoa nunca é a mesma pessoa. Não existe o que perdure. O que aconteceu com o que já passou? O que aconteceu com o meu corpo de quando eu tinha dez anos de idade? Para onde vão as coisas do passado? Simplesmente somem no vazio do tempo? Se o tempo passa, ele deve passar por alguma coisa. Quero surpreender minha mente, embora tudo o que eu faça é tentar controlar o que acontece, controlar as pessoas, reações, o tempo, a vida, minhas experiências, meu salário, meu "Eu", que no fundo nunca é o mesmo. Sou uma metamorfose ambulante de pensamentos e átomos pairando pelo vazio de um universo abismal. Chega de controle. Quero "deixar a vida me levar". HAHAHAHA! Que palhaçada! Odeio o Zeca pacotinho de pó! Fodam-se! Quero ser pura espontaneidade, matar velhinhas na praça "sem motivo nenhum"!!! Não confiem em mim. Sou um blefe de um péssimo jogador. Não tenho nada na mão. Embaralhem de novo esta merda pois eu perdi a vontade de jogar.

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