segunda-feira, setembro 19, 2005

tempo

óh tempo! amigo dos solitários, companheiro dos mendigos, infalível remédio para desamores, inimigo dos ansiosos e transformador dos tolos em sábios!

óh tempo! lapidador das pedras, progenitor das areias das praias e criador do sol!

óh tempo! fostes meu inimigo por muito tempo. arrancastes fora meus cabelos. colocou-me fortes expressões nas testas e olhos. mataste-me de arrependimentos por merdas feitas no passado - e remorsos! deixaste meu coração tão duro como os ossos e infernizaste minha vida! mas também me curaste. me trouxeste o perdão, a compreensão e me aliviaste a dor!

óh tempo! és a relatividade encarnada! és inesgotável quando criança; és imperceptível quando estamos em um carro a alta velocidade; és o maior dos contadores de histórias! és o ranger dos joelhos e as marcas no sorriso do velho jogador de dominós da praça; és invencível e o mais veloz dos corredores contra o envenenado por uma cobra em um local desolado e, o fiel aliado do criador do antídoto.

óh tempo! és a medicina! és a experiência! és a história, a filosofia e a poesia! és o deleitar-se nas entrelinhas, a magia das vírgulas e o místico das reticências...

óh tempo, por todos os lugares que andei e por toda minha vida me seguistes como uma sombra. não me deixastes só nem por um segundo: - o segundo, esse teu primogênito mais mimado! até que enfim descobri: o lugar aonde não te encontro, aonde tornas-te impotente! e somente nesse lugar não te damos importância, nem a mínima que seja. lá aonde um segundo dura uma eternidade. lá aonde não existe passado nem futuro: lá bem no fundo daqueles olhos castanhos, na sinceridade do sorriso e no toque dos lábios...

óh tempo, és inexistente quando se ama!

3 comentários:

Anônimo disse...

E viva o tempo!

Anônimo disse...

que se foda o tempo (hahaha)

Anônimo disse...

tempo, tempo, tempo, tempo...

eu hoje provo do seu veneno mas amanha provarei do teu remedio,

Mariana Montenegro