kurosawa não sabe o que fazer. não sabe se viaja. não sabe se fica. não sabe se trabalha. não sabe se não trabalha. não sabe se sabe ou se não sabe. está numa situação confortável para olhos de fora. mas só com seus próprios olhos poderíamos ver o que seu coração sente.
- ah ele é um um "bon vivant"! - dizem uns. outros dizem: "ele tem aquele olhar blasê. despreza tudo e todos". outros até dizem: - "é antipático!".
por trás daqueles verdes olhos supostamente perdidos poucos conseguem enxergar a profundidade do mar sem fim. um desbravador dos abismos dos sete mares.
"Há mais mistérios entre o céu e o mar do que pode imaginar a nossa vã filosofia" e lá vai o nosso mergulhador pronto a desbravar esses mistérios. ele sabe! sim ele sabe o que quer! tem absoluta certeza do que quer! mas teme. o temor toma conta dele e amedrontado ele volta para o sótão. lá naquele sótão sombrio ele fica fazendo companhia aos fantasmas jogando xadrez ou ouvindo seus lamentos. vez ou outra os habitantes da casa passam comida por baixo da porta. outras vezes um livro. as vezes durante a noite escutam soluços e pela manhã escada abaixo lágrimas escorrem. ele sempre espera a hora em que seu pai vai chamá-lo para pescar. mas do sotão ele sempre vê pela janela seu pai pescando sozinho. no sótão virou mestre nas artes da telepatia, adivinhação e da compreensão mas acabou por apagar seu coração. um dia cansado da escuridão e não suportando mais o frio ele abriu a janela, e usando a técnica que aprendeu sozinho em livros de yoga de encher os pulmões, os encheu com todo o átma e ar que conseguiu captar e berrou para todos escutar, inclusive seu pai que lá estava no barco no meio do rio: "de hoje em diante não me chamem mais de mergulhador das profundezas! cansei de viver na escuridão! não vim aqui para ficar conversando com fantasmas e vampiros! vim aqui para iluminar a todos e me alimentar com minha própria luz! de hoje em diante sou hélio: o gás nobre! de hoje em diante me chamem de hélio: o deus sol!".
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