segunda-feira, abril 18, 2005

eu e mais eu e mais um pouco de mim

hj foi meu primeiro dia de terapia. engraçado a terapia ser no mesmo local que meu pai já estivera internado surtado de crise esquizofrênica - o ipub ao lado do pinel - e no mesmo local por onde passo quase todo fim de semana a caminho da urca ... escalar. passei pelo portão de ferro e fui quase que instintivamente guiado pro mesmo local aonde meu pai ficava internado achando que lá era o ambulatório. no jardim aonde os internos vão "passear" tinham placas escritas não sei se pelos internos ou por quem mas a primeira que eu vi foi: "isso é um lírio não um delírio". me incomodou. o outro que vi foi: "fonte dos desejos", em frente a um chafariz imundo inoperante e sem água. perguntei a uma mulher aonde era o ambulatório e ela disse que não era ali mas acolá. fui até acolá. a moça da recepção disse que a "minha" terapeuta ainda não tinha chegado então fui pro jardim dos internos pq lá tinha uma lanchonete. pedi um pão de queijo e um mate. fiquei reparando nos internos andando vegetorobóticos entupidos de remédios. e querendo virar o rosto para não olhar pra eles vi em baixo de uma árvore mais uma plaquinha daquelas com os dizeres: "o eu é uma árvore". querendo virar o rosto acabei levando um tapa na cara.continua me intrigando quem escreveu as placas. se foram os internos, é uma crítica feroz. se foram os médicos ... não sei nem o que dizer.no mais, a terapia foi boa. de cara já gostei. falava e falava e quando esperava algo de volta como acontece de costume quando conversamos com amigos, nada vinha. eu começava a rir. e falava e falava. depois parava. e minha cabeça vinha me falar: "você está se expondo muito". mas é pra isso que eu estou aqui. pra ver minhalma, descobrir o que eu quero. descobrir o que sou. mais falatório: eu, eu, minha família, meus pais, meu pai, meu padrasto, meus diversos pais. minha insatisfação. minha inconstância. minha impermanência. meus desamores. quanta coisa em menos de uma hora. suava. ria de nervoso. e o olhar impassível dela fixo em mim. e eu olhando pros ladrilhos brancos numa sala fechada. saturei-me de mim mesmo. sai de lá rindo. e pensei na resposta que dei quando ela me perguntou o que eu estava fazendo ali. a resposta foi verdadeira mas não foi A resposta. a verdadeira resposta seria: "quero descobrir o que eu quero REALMENTE. livre de qualquer falso querer." é essa minha atual busca - saber o que buscar.

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