segunda-feira, setembro 26, 2005

leo, o intransferível tigre

sim, vc foi podre e me infernizou por um tempo. eu também era um garoto - um príncipe podre dentro do castelo das fantasias tendo mickey mouse e a xuxa como meus melhores amigos. me fez odiar a riqueza, o poder e me desconstruiu. mas me mostrou um mundo que eu desconhecia: me ensinou a amar os excluídos. sim foi aterrorizante o aprendizado, tal qual um tratamento de choque. mas eu agradeço e como agradeço. e suplicava para me ensinar um pouco mais e te imitava. queria ler os mesmos livros que lia, gostar das mesmas musicas que ouvia, falar de política e de tudo tão bem como falava. no fundo te idolatrava e escondia esse sentimento com o desprezo - com desdém. era uma farsa! ficamos nessa guerra durante anos! uma guerra fria! que relação louca! e muitas drogas envolvidas... mas enfim apesar de hj em dia não parecer e ter tantos rancores e sentimentos obscuros e as vezes não querer nem sentir seu cheiro e nem chegar perto - eu gostaria que vc tivesse sido meu pai, mas não é. e é dificil pra mim te chamar de pai, muito dificil. não sei ao certo se te considero como pai - até porque não aceito de forma alguma a severidade de um pai -, mas sim, te considero muito e te admiro muito, muito mesmo. você é foda! e obrigado por ter me ajudado a deixar as drogas, se não fossem vocês e seus conselhos e toda essa relação aberta que temos eu poderia estar perdido por aí vagando por clinicas ou em algum ambulatório pelo ipub ou pinel ou então pela índia feito um mendigo... sim, eu te amo e te odeio. e ontem vc me ligou e naquele momento eu estava namorando no leme tomando uma água de coco e você falando tantas coisas e pedindo desculpas por ter sido podre e a renata veio e sentou no meu colo e você ao telefone e as ondas no mar batendo nas pedras e uma garota com a mãe fazendo oferendas a iemanjá e beijos no pescoço e nosso papo de pai e filho e vó e tantas coisas!!!! caramba, como isso tudo é muito louco! e estamos vivos e falamos sobre a vida e vivemos as vezes (na maioria delas) resmungando dela mas não desistimos e tentamos sempre acertar as coisas. é isso o que importa: tentar, mesmo na certeza da morte!

5 comentários:

Anônimo disse...

Já li duas vezes.Hoje em dia não há sinais de violência em você.Antes havia.E era um pouco assustador.Não devia haver disputas para ver quem mandava na casa.Você era só um menino.Mas havia.Não era para eu ter medo de você.Mas eu tinha.Cecília também tinha.D.Ruth certa vez disse que não tinha.Mas depois não soube lidar com você.Acho que essa violência teve a ver com a minha presença, embora ela já se desse antes da minha chegada.Mas a vida não é o que parece e você,agora,não possui violência alguma.Pelo menos não que eu sinta.Mas agora eu entendi que te amo,e isso muda tudo.Eu não sou seu pai.Um pai não é "severidade".Se fosse,não teríamos tanta necessidade dele assim.

Anônimo disse...

velhas feridas nunca deixam de sangrar

revejo velhas chagas

observo seu passeio impuro pela praia onde vivi

velhas feridas

e seu sangue sempre novo

o pinto que não nasce

lagarto que não gora

angústia sempre viva

do lado de dentro

da casca do ovo

Anônimo disse...

Bom né... isso é bom.

Toni - autoanalise.blogger

Anônimo disse...

Velhas feridas são deixadas para trás.

São apenas cicatrizes com seu sangue imaginário.



Fantasias de poetas brotam sangue onde não há.



O passado é só o passado.

Mas,meu Deus,

como ele dói!

Anônimo disse...

Não há dor alguma no passado

o poeta em seu castelo é que imagina o que não há

e então tudo renasce

a imaginação é o vertedouro da existência

o bom humor,o que nos faz imaginar o que é melhor

poetas tristes são perigo para todos

o seu umbigo é o anel dos tolos