O cão fareja
Meu coração
O instinto
inconsolável
Sabe a dor
De não ser
Eterno
Buda
E compaixão
sexta-feira, setembro 30, 2005
Poesia
Criança desnuda
se arrebenta no chão
O impacto que chega
precede a solidão
e o momento eterno do silêncio
antes da dor
chegar na feição
é o abismo da vida
que se mostra
e a vontade do pai
que quer tirar seu filho
das garras da ilusão
e carrega a morte em seu coração
se arrebenta no chão
O impacto que chega
precede a solidão
e o momento eterno do silêncio
antes da dor
chegar na feição
é o abismo da vida
que se mostra
e a vontade do pai
que quer tirar seu filho
das garras da ilusão
e carrega a morte em seu coração
quinta-feira, setembro 29, 2005
nuvens de concreto
um dia cinza, amanheceu quente e com sol e foi perdendo a cor durante o dia. entre as nuvens dá para enxergar o azul pálido turqueza dos céus. no pão de açucar vejo chuva caindo e aqui na varanda do amarelinho não - que nem quando vemos o estranho fenômeno dentro do apartamento de alguém: em uma janela estar chuvendo e do outro lado não. na praça da cinelândia sentado perto da banca de jornal tomei um picolé observando garotos com camera na mão entrevistando uma moça no banco da praça: fiquei curioso para saber quem era. mas quando ela se levantou vi que uma amiga a estava esperando no banco ao lado e se levantou também, percebi então pelos trejeitos das duas que ela era apenas uma moça comum. acabei com o picolé e quando estava indo pagar vi que na banca estava vendendo o livro "uivo" do allen ginsberg daquela maravilhosa coleção da lp&m e quase o comprei mas preferi economizar dindim; até porque não estou com saco de ficar lendo textos da geração beat no momento - eu já me basto. olhei para o prédio aonde eu trabalho e pensei: nada. respirei fundo e fui andando olhando para as pedras portuguesas no chão e desviando dos pombos. um deles até deu um rasante meio bruce lee ao meu lado e me lembrei de um dia que em um desses rasantes um me deu uma patada na testa. entrei pela porta do prédio e, como todo dia, repetiu-se a rotina: sou recebido pelos porteiros do predio com o mesmo cumprimento que eu próprio instaurei e dissiminei entre eles no prédio: "e aÊÊÊÊmmmmmm...". agora cá estou eu sentado em frente a esse computador e escrevendo pra ver se o tempo passa mais depressa - como às segunda-feiras torcemos para chegar logo o final de semana e como no começo do mês assim que acabamos de receber o salário queremos logo que o mês passe rápido para recebermos o próximo salário - e assim vai: dormi com 24 anos e acordei com 28. invento brincadeiras durante o dia: fico olhando para o teclado desfocando os olhos até que consigo trepar as teclas umas em cima das outras criando um efeito tridimencional, ou então pego a parte de baixo do guarda-sol e com uma fita durex prendo um chicote que tem aqui na empresa com os dizeres impressos "produtividade" e com esse extensor de chicote levo diretamente até a baia ao lado no ouvido do meu gerente e falo: "lig lig lig", ou então vou ao banheiro e fico uivando e fazendo caretas em frente ao espelho, ou então fecho os olhos e tento conseguir escutar todos os sons que estão a minha volta: o som das teclas do meu teclado, o som da cadeira de bambu rangendo lá na sala de reunião, o som dos apitos dos guardas lá embaixo, o som dos freios dos ônibus, um som longínquo quase nulo de algum instrumento de sopro - será que vem do teatro municipal? ou então de alguma sala de aula de música? o sinal abriu - todos os carros arrancaram e estão .... o toque dos sinos da câmara dos deputados acabou de tocar prendendo toda minha atenção e matando todos os outros sons... o ranger da porta aqui da varanda e o vento batendo suave. e aqui dentro da sala: um silêncio mórbido - aonde todas as cabeças estão dentro dessas telas mechendo com essas sopas de letrinhas. acorrentados as cadeiras, afogando sonhos, dilacerando as vontades... aí, o sangue insano dentro de mim urge! sinto vontade de pegar os monitores e jogá-los pela janela! sinto vontade de tirar a roupa fazer uma fogueira e dançar em volta dela correndo nu pela sala balançando meu piru para todos verem e berrar!! urrar!! e pedir socorro!! pedir para virem os bombeiros me salvar!! um remedinho por favor, me vê um aldolzinho, pode ser? para sossegado dormir por três dias seguidos numa cama de hospital...
uah!! bocejo gostoso. aonde estou? num país longínquo? numa estrela brilhante? quem são essas coisas a minha volta? coração batendo rápido. meu desejo se realizou? o novo bateu a minha porta? o azul do céu agora está rosa bebê. estou num deserto azul turqueza completamente nu. o chão, se é que posso chamar de chão, é todo com a consistência de borracha pellikan. posso pular em cima e me esborrachar no chão. estou em uma planície e ao longe vejo uma elevação que parece ser uma montanha. corro saltando na borracha - ah acabei de descobrir: aqui a força de gravidade é mais baixa que a da terra, estou dando saltos de mais de 2 metros de altura leve como uma pluma. corro como em todos os sonhos sempre corri - sem conseguir sair do lugar e com passos largos como um astronauta na lua. preciso me infurnar nesse mundo? ah o telefone tocou e a voz do meu chefe... estou entre os dois mundos... ahhh..... a planicie de borracha pelikkan me chama novamente: minha fuga! minha salvação! corro corro completamente nu e livre - sem fome e sem cáries! aqui posso fazer fotossíntese e não evacuo! meus excrementos são auto-aproveitaveis! minha pele mudou de cor - está de uma cor que nem eu conheço ... mas parece o que ai na terra vocês chamariam de vinho... mas não é vinho ... pq vinho é aí, aqui é, é, ah é essa cor aqui que parece vinho. meus cabelos estão duros como metal. minhas unhas parecem garras. corri até chegar perto da tal montanha e lá estava um navio. um navio?????? o que esse navio está fazendo aqui? poderia ser qualquer coisa mas o que essa nau portuguesa está fazendo aqui???? que saco! minhas referências da terra me perseguem até aqui!!! que saco!!! mas fazer o que? vou até lá procurar o que tem dentro dessa nau portuguesa. ela está encostada perto da elevação que parece com as montanhas do arizona na california - ah! são as montanhas do desenho do bip-bip e do coiote! minha infância! e então subo no navio por aquelas cordas presas na frente. e nas paredes da elevação montanhosa vejo argolas pretas iguais a câmaras de ar de pneus de carros de diversos tamanhos presos por ganchos de açougueiro. eu não exitei e saltei em uma das argolas e zuonnnnnnnnnn ionnnnnnnnnnnng. que nem desenho animado fui até os céus e meus olhos esbugalhados ficaram em frente a camera grande angular com o navio em enquadramento perfeito a esquerda da imagem e eu segurando na câmara esperando a volta e o impacto suave nas borrachas. nooooosssssaaaa!!!!! bung jumpy no mundo da borracha pelican e naus portuguesas e minha nova forma não humana quase extraterrestre ausente de ânus e aparelho digestivo! uau! vou experimentar mais um pouco essas novas sensações e vou saltitando pelo deserto como um lunático saltimbanco trapalhão. toing toing toing. gás muito gás. não é noite nem de dia. nem frio nem quente. e mais toing toing por ai. parei. e comecei a perceber tão logo que no fundo eu não quero estar aqui nesse lugar fantástico e sozinho assim. quero mais é voltar praquele mundo de onde vim e onde sim, existe a dor e o amor! quero cair e me esburrachar no chão e sangrar. e depois vir uma mão delicada e me fazer curativos nos joelhos e dizer que me ama me dando beijos no pescoço.
nada de seringas com remédios e camas de hospital com morfeu de enfermeiro. cá estou de novo em frente ao computador e agora já anoiteceu e estou só aqui no trabalho. não chove mais e o som dos carros, do avião, dos apitos dos guardas e dos freios dos ônibus continuam ad eternum. a badalada do sineiro das nove horas! trancarei as portas das varandas, descerei pelo elevador, falarei o último "eaêÊÊÊÊÊmmmmmmmmm" para os porteiros, andarei pelas pedras portuguesas até o ponto de ônibus e dentro das janelas dos ônibus observarei as pessoas - todas - que passam pelas ruas e estão indo pra casa ou estão no belmont tomando um chopp ou então indo trabalhar agora nessa madrugada a dentro sob névoas até o amanhecer gelado. e eu adormecerei grato por ter hoje, mais uma vez, vencido a angústia que é viver e ter me deixado ver as maravilhas e sutilezas que nos fazem seguir - simples assim - andando e topando e chorando e sofrendo e rindo e bebendo e acariciando e odiando e matando e brincando e amando: eternamente aqui e agora!
uah!! bocejo gostoso. aonde estou? num país longínquo? numa estrela brilhante? quem são essas coisas a minha volta? coração batendo rápido. meu desejo se realizou? o novo bateu a minha porta? o azul do céu agora está rosa bebê. estou num deserto azul turqueza completamente nu. o chão, se é que posso chamar de chão, é todo com a consistência de borracha pellikan. posso pular em cima e me esborrachar no chão. estou em uma planície e ao longe vejo uma elevação que parece ser uma montanha. corro saltando na borracha - ah acabei de descobrir: aqui a força de gravidade é mais baixa que a da terra, estou dando saltos de mais de 2 metros de altura leve como uma pluma. corro como em todos os sonhos sempre corri - sem conseguir sair do lugar e com passos largos como um astronauta na lua. preciso me infurnar nesse mundo? ah o telefone tocou e a voz do meu chefe... estou entre os dois mundos... ahhh..... a planicie de borracha pelikkan me chama novamente: minha fuga! minha salvação! corro corro completamente nu e livre - sem fome e sem cáries! aqui posso fazer fotossíntese e não evacuo! meus excrementos são auto-aproveitaveis! minha pele mudou de cor - está de uma cor que nem eu conheço ... mas parece o que ai na terra vocês chamariam de vinho... mas não é vinho ... pq vinho é aí, aqui é, é, ah é essa cor aqui que parece vinho. meus cabelos estão duros como metal. minhas unhas parecem garras. corri até chegar perto da tal montanha e lá estava um navio. um navio?????? o que esse navio está fazendo aqui? poderia ser qualquer coisa mas o que essa nau portuguesa está fazendo aqui???? que saco! minhas referências da terra me perseguem até aqui!!! que saco!!! mas fazer o que? vou até lá procurar o que tem dentro dessa nau portuguesa. ela está encostada perto da elevação que parece com as montanhas do arizona na california - ah! são as montanhas do desenho do bip-bip e do coiote! minha infância! e então subo no navio por aquelas cordas presas na frente. e nas paredes da elevação montanhosa vejo argolas pretas iguais a câmaras de ar de pneus de carros de diversos tamanhos presos por ganchos de açougueiro. eu não exitei e saltei em uma das argolas e zuonnnnnnnnnn ionnnnnnnnnnnng. que nem desenho animado fui até os céus e meus olhos esbugalhados ficaram em frente a camera grande angular com o navio em enquadramento perfeito a esquerda da imagem e eu segurando na câmara esperando a volta e o impacto suave nas borrachas. nooooosssssaaaa!!!!! bung jumpy no mundo da borracha pelican e naus portuguesas e minha nova forma não humana quase extraterrestre ausente de ânus e aparelho digestivo! uau! vou experimentar mais um pouco essas novas sensações e vou saltitando pelo deserto como um lunático saltimbanco trapalhão. toing toing toing. gás muito gás. não é noite nem de dia. nem frio nem quente. e mais toing toing por ai. parei. e comecei a perceber tão logo que no fundo eu não quero estar aqui nesse lugar fantástico e sozinho assim. quero mais é voltar praquele mundo de onde vim e onde sim, existe a dor e o amor! quero cair e me esburrachar no chão e sangrar. e depois vir uma mão delicada e me fazer curativos nos joelhos e dizer que me ama me dando beijos no pescoço.
nada de seringas com remédios e camas de hospital com morfeu de enfermeiro. cá estou de novo em frente ao computador e agora já anoiteceu e estou só aqui no trabalho. não chove mais e o som dos carros, do avião, dos apitos dos guardas e dos freios dos ônibus continuam ad eternum. a badalada do sineiro das nove horas! trancarei as portas das varandas, descerei pelo elevador, falarei o último "eaêÊÊÊÊÊmmmmmmmmm" para os porteiros, andarei pelas pedras portuguesas até o ponto de ônibus e dentro das janelas dos ônibus observarei as pessoas - todas - que passam pelas ruas e estão indo pra casa ou estão no belmont tomando um chopp ou então indo trabalhar agora nessa madrugada a dentro sob névoas até o amanhecer gelado. e eu adormecerei grato por ter hoje, mais uma vez, vencido a angústia que é viver e ter me deixado ver as maravilhas e sutilezas que nos fazem seguir - simples assim - andando e topando e chorando e sofrendo e rindo e bebendo e acariciando e odiando e matando e brincando e amando: eternamente aqui e agora!
"Quem não cita se trumbica".
É...O bicho tá pegando pro meu lado...O cachorro raivoso tá vindo atrás de mim babando e com vontade de morder a minha bunda, como fez com meu primo zé naquela estradinha de terra perto da minha casa lá em Petrópolis quando ainda éramos crianças. Naquele dia fiquei muito nervoso, eu sempre tive medo de cachorro. Mas quando relembro o episódio com meus primos, sempre damos gargalhadas e rimos da cara do Zé. Coitado do Zé. Seu erro foi ter corrido do cão, por isso ele o atacou. Se tivesse ficado parado, talvez o cão não o tivesse atacado. Ou tivesse atacado outro. Talvez tivesse ME atacado. Que bom que foi com o Zé... É...Mas agora o bicho tá pegando pro meu lado. Tô vendo o cachorro chegando, vejo a raiva em seus olhos vermelhos e a boca cheia de espuma e os dentes afiados à mostra, um cachorro todo preto que sente o cheiro do medo que exala dos poros dos que são mais covardes...Fico paralisado, esperando um milagre divino que me tire dessa situação por tantas vezes protagonizadas por mim...Mas agora acho que Deus não vem me ajudar...Não desta vez, agora ele quer que eu enfrente o cão. Ele quer que eu enfrente o meu medo de cara, como um homem...Ele deve estar pensando: "Agora não vou mais ajudar...Ou mata ou morre...Chega de ajudar meu filho querido...Agora ele vai ter que enfrentar...Vai ter que virar o homem que ele já é"...E eu aqui, de cara com o cão dos infernos, meu mais profundo medo, meu monstro de infância, a velha aterrorizante que aparecia nos meus piores pesadelos quando eu ainda era uma criança. Era só sentir a presença da velha que eu já ficava completamente desesperado e com muito, mas muito medo, e o sonho sempre terminava com a cara dela aparecendo pra mim e eu acordava gritando todo suado e depois não conseguia mais dormir por um bom tempo com medo dela aparecer de novo...A velha estava me esperando no mundo de Morfeu, sorrindo diabolicamente...E eu ficava acordado, com medo e sem ninguém para me ajudar...Às vezes eu ia pra cama dos meus pais e me enfiava no meio deles e dormia feliz...Eram as noites edipianas mais gostosas de toda a minha vida...Eu lá, no conforto da cama e da segurança da companhia dos meus pais...Lá eu dormia como nunca mais dormi...Na cama dos meus pais eu não tinha pesadelos...Às vezes, quando dormia sozinho, eu sonhava com elevadores que subiam ou desciam sem parar...E passavam da cobertura em direção ao desconhecido ou iam para o poço dos meus medos inconscientes e mais terríveis. Ainda tenho medo de elevadores...Medo de perder o controle, como diria minha ex-analista e segunda mamãe Manuela...Uma mulher gordinha que ficava lá, ouvindo o que eu tinha a dizer...Foi depois do incidente no parque da cidade que eu começei a ir lá...Era uma segunda-feira às nove da manhã e eu matando aula para ir fumar maconha com um amigo quando chega um carro de polícia do nada e me leva para a porta da minha casa...Lembro-me como se fosse ontem...Meu pai de pijama, minha mãe de camisola chorando e eu no carro dos porcos fardados tomado de culpa e vergonha...Meu pai deu uma grana pros porcos e eu entrei em casa...Só oito anos depois eu consegui deixar mamãe Manu e seguir a minha vida...Mas a velha ainda está aqui...E o cão continua lá me esperando...O conforto da cama dos meus pais eu não tenho mais. Já a segurança da casa deles...Acho que já é um passo...Mas não é tão confortável como antes...Tenho que seguir a minha jornada...Entrar na aventura que me foi designada e enfrentar os monstros e obstáculos até chegar ao pai que continua me acenando de sua canoa contente com a minha disposição em substituí-lo na temível aventura da vida e da terceira margem do rio que é onde a vida se encontra...A terra firme fica cada vez mais monótona e insuportável...E eu esperando o pai voltar para a margem, mas ele está decidido a ficar em sua canoa. Eu é que tenho que chegar até ele, não ele a mim...Ele já fez o que ele tinha que fazer e substituiu seu próprio pai. Agora está na minha vez. Que venham os cães e monstros e velhas. Estou pronto para a vida!
quarta-feira, setembro 28, 2005
kurosawa, quem são seus livros?
foda-se kant, foda-se nietzche! quero ver o dudu que às vezes aparece nos textos e logo é soterrado por alguma teoria vagante desses filósofos que criaram uma estrutura de pensamentos para encobrir seus próprios problemas pessoais ... caguei pra eles ... cadê os passeios com os cães na rua e depois seus sacrificios que tanto mecheram com você? cadê seu amor pela sua namorada? cadê seus baixo gaveas? cadê suas vagabundagens? cadê seu amor escondido pelo seu pai? aonde está o dudu que conheço ou pelo menos acho que conheço no meio dessas teorias todas??? apareça meu grande amigo! quero te ver! quero respirar por onde andas, escutar o que falas na mesa do jantar, ouvir suas abobrinhas por mais tolas que sejam! quero sentir seu amor pelo mundo e por tudo apesar de as vezes parecer que não ama nada e ninguém... mas eu sei que ama! e como tem amor ai dentro desta casca... que seja triste, que seja felicidade, que seja idiotice, que seja rancor, que seja qualquer coisa por menos importante que pareça mas sim, mostre-se! mostre-me! cadê a experiência por ti vivida e descoberta nas rachaduras do teto branco de seu quarto? o que aprendeu remando na lagoa? e sendo extorquido por um policial? me conte! vá! espero um dia ler nesse blog, "e como diria EU, dudu, blablabla" ao invés de como diria kant, shopenhauzer, nietxhce, santo agostinho, papa, deus, jesus, buda!! ahhhhhh quem são eles perto de ti? exemplos, sim! mas e vc? hein? como você mesmo disse: você é a eternidade sendo feita aqui e agora!
mermão, isso não é um esporro apesar de ser um esporro. isso é um tapa de pai, tapa de irmão mais velho no rosto do irmão que tanto ama. você já me deu tantos tapas na cara e sou muito grato por isso. me acordou e já me ajudou muito, muito mesmo.
lembra de quando nos conhecemos? conexão total! desde o início escrevíamos juntos e conversávamos muito sobre tantas coisas da vida! e como conversávamos! me sentia como no livro de jack kerouac ao vivo! e cá estamos nós hoje em dia mais uma vez escrevendo e sempre nos ajudando e sempre conversando como irmãos perdidos em vidas passadas que se reencontraram...
é dudu, gosto de você pra caralho!
mermão, isso não é um esporro apesar de ser um esporro. isso é um tapa de pai, tapa de irmão mais velho no rosto do irmão que tanto ama. você já me deu tantos tapas na cara e sou muito grato por isso. me acordou e já me ajudou muito, muito mesmo.
lembra de quando nos conhecemos? conexão total! desde o início escrevíamos juntos e conversávamos muito sobre tantas coisas da vida! e como conversávamos! me sentia como no livro de jack kerouac ao vivo! e cá estamos nós hoje em dia mais uma vez escrevendo e sempre nos ajudando e sempre conversando como irmãos perdidos em vidas passadas que se reencontraram...
é dudu, gosto de você pra caralho!
segunda-feira, setembro 26, 2005
leo, o intransferível tigre
sim, vc foi podre e me infernizou por um tempo. eu também era um garoto - um príncipe podre dentro do castelo das fantasias tendo mickey mouse e a xuxa como meus melhores amigos. me fez odiar a riqueza, o poder e me desconstruiu. mas me mostrou um mundo que eu desconhecia: me ensinou a amar os excluídos. sim foi aterrorizante o aprendizado, tal qual um tratamento de choque. mas eu agradeço e como agradeço. e suplicava para me ensinar um pouco mais e te imitava. queria ler os mesmos livros que lia, gostar das mesmas musicas que ouvia, falar de política e de tudo tão bem como falava. no fundo te idolatrava e escondia esse sentimento com o desprezo - com desdém. era uma farsa! ficamos nessa guerra durante anos! uma guerra fria! que relação louca! e muitas drogas envolvidas... mas enfim apesar de hj em dia não parecer e ter tantos rancores e sentimentos obscuros e as vezes não querer nem sentir seu cheiro e nem chegar perto - eu gostaria que vc tivesse sido meu pai, mas não é. e é dificil pra mim te chamar de pai, muito dificil. não sei ao certo se te considero como pai - até porque não aceito de forma alguma a severidade de um pai -, mas sim, te considero muito e te admiro muito, muito mesmo. você é foda! e obrigado por ter me ajudado a deixar as drogas, se não fossem vocês e seus conselhos e toda essa relação aberta que temos eu poderia estar perdido por aí vagando por clinicas ou em algum ambulatório pelo ipub ou pinel ou então pela índia feito um mendigo... sim, eu te amo e te odeio. e ontem vc me ligou e naquele momento eu estava namorando no leme tomando uma água de coco e você falando tantas coisas e pedindo desculpas por ter sido podre e a renata veio e sentou no meu colo e você ao telefone e as ondas no mar batendo nas pedras e uma garota com a mãe fazendo oferendas a iemanjá e beijos no pescoço e nosso papo de pai e filho e vó e tantas coisas!!!! caramba, como isso tudo é muito louco! e estamos vivos e falamos sobre a vida e vivemos as vezes (na maioria delas) resmungando dela mas não desistimos e tentamos sempre acertar as coisas. é isso o que importa: tentar, mesmo na certeza da morte!
sábado, setembro 24, 2005
Por que não me mato?
Querido Anônimo,
Finalmente recebo uma resposta, um comentário, uma provocação. Desde já, muito obrigado. Já estava começando a me sentir sozinho aqui. Além de tentar descobrir furos no sistema de minha própria estrutura racional, como já disse antes, escrevo neste espaço para provocar. Finalmente consegui o que queria. Aleluia! Sem mais, vejamos.
Continuo achando o tempo subjetivo, ainda que observe meus cabelos caindo, minha juventude se esvaindo e a fila do INSS cada vez mais perto. Mas como explicar para alguém sobre a natureza ilusória do tempo se este alguém acredita piamente na ciência? Vivemos em tempos sombrios, onde a Filosofia, que outrora trabalhava como empregada doméstica da Teologia, agora arrumou um empreguinho de merda na casa da ciência, e ainda por cima, ganhando bem menos. Esta última é quem manda agora. E quer controlar tudo. Quer conhecer tudo, mesmo depois de Kant a ter colocado em seu devido lugar. Dizem por aí que vivemos em tempos de crise, onde não há mais certezas, onde o final feliz dos contos de fada é tido como histórinhas de ninar, onde a crise da razão é o postulado a priori e o que impera é o niilismo. Tudo besteira! A nova geração prefere Nietszche a Kant, Sartre a Platão. Leiam Kant! Pois se não leram Platão, como querem entender Nietszche? Aliás, o bigodudo alemão que morreu maluco acreditou piamente na ciência e nos colocou na periferia do universo, nos tirou do centro e agora cá estamos, vivendo neste planetinha de merda jogados na existência como seres para a morte, Seres-aí afundando na lama do nada e do desespero. O bigodudo mestre da desconfiança morreu na praia, pois não compreendeu a mensagem que habita por detrás do símbolo, a realidade descrita nos mitos, a eternidade celeste que se encontra nas metáforas de todas as religiões e na verdadeira arte. A ciência quer banir do mundo a dúvida, a incerteza, o mistério, quer controlar até a morte, esta senhora absoluta do desconhecido, adiando a "vida" de indivíduos indefinidamente como vegetais apodrecendo nos leitos de hospitais lotados de jovens e cheios de vida pela frente. O que importa não é a comunidade, mas o ego, o indivíduo que acredita que a morte do corpo é o fim de todo o seu ser. Querem eternizar o indivíduo e se esquecem de que a eternidade se encontra aqui e agora, o espírito batendo na porta da mente presa em sua estrutura espaço-temporal, sussurando bem silencioso como a dizer: "Estou aqui". Este indivíduo não consegue perceber que participa da energia da vida atemporal, e não concebe um estado anterior ou posterior à sua própria vida corporal. Esta é a tragédia da vida, que foi anunciada e belamente representada pelo povo grego e resiste até hoje na literatura moderna. É necessário uma mudança de foco, onde o indivíduo não seja mais a razão de tudo, o ponto-de-vista mais privilegiado. Quando vamos começar a privilegiar a comédia, e, nas palavras de Joseph Campbell "sua natureza mais elevada que a tragédia, que manifesta uma verdade mais profunda, de percepção mais difícil, de estrutura mais sólida e de revelação mais completa?" Ainda nas palavras de Campbell: "A mente meditativa está unida na representação de mistérios, não com o corpo cuja morte é apresentada, mas com o princípio de vida contínua que por algum tempo o habitou e que, durante esse tempo, foi a realidade revestida na aparência, o substrato em que o nosso eu se dissolve quando a tragédia que desfigura a face do homem despedaça, esmaga e dissolve nossa capa mortal". Lindo! A natureza nos dá o exemplo, onde vemos em qualquer selva criaturas se alimentando da morte de outras vidas, perpetuando o teatro do eterno retorno. Quando damos ênfase ao indivíduo e não a comunidade, quando entendemos as escrituras ao pé da letra e não metaforicamente, o que acontece é o que está nas páginas de todos os jornais atualmente. Um bando de idiotas no oriente que não conseguem perceber que o "Seu" Deus é o mesmo que o Deus do outro, lutando por "terras sagradas", quando a verdadeira mensagem é que a "terra sagrada" é o lugar onde você está sempre. Onde o "amar ao próximo" só é respeitado dentro de sua própria comunidade, onde os recursos naturais só existem para satisfazer suas necessidades imediatas, e não a comunidade humana por inteiro e as gerações futuras. A comédia nos fala da natureza eterna e invencível da própria energia da vida, onde o indivíduo se identifica não com a sua natureza corpórea e mortal, mas com a vida que insiste em sobreviver eternamente.
Ouvi outro dia uma história pelas palavras de um jovem instrutor de práticas orientais que era mais ou menos assim: Um velho foi procurar um mestre zen alegando estar doente. Após ter ouvido as lamúrias e lamentações do velho, o mestre respondeu mais ou menos assim: "Ora, você já está velho. Já viveu, se casou, teve filhos. Está na hora de morrer. Aceite isso". Por fim, respondendo ao meu caro amigo desconhecido, não me mato por que a morte é o que dá sentido a vida, é a grande inspiradora da Filosofia e que nos une a eternidade. A experiência da eternidade se encontra aqui e agora, não em outro mundo.
Por hora é só. Que venham mais provocações.
Finalmente recebo uma resposta, um comentário, uma provocação. Desde já, muito obrigado. Já estava começando a me sentir sozinho aqui. Além de tentar descobrir furos no sistema de minha própria estrutura racional, como já disse antes, escrevo neste espaço para provocar. Finalmente consegui o que queria. Aleluia! Sem mais, vejamos.
Continuo achando o tempo subjetivo, ainda que observe meus cabelos caindo, minha juventude se esvaindo e a fila do INSS cada vez mais perto. Mas como explicar para alguém sobre a natureza ilusória do tempo se este alguém acredita piamente na ciência? Vivemos em tempos sombrios, onde a Filosofia, que outrora trabalhava como empregada doméstica da Teologia, agora arrumou um empreguinho de merda na casa da ciência, e ainda por cima, ganhando bem menos. Esta última é quem manda agora. E quer controlar tudo. Quer conhecer tudo, mesmo depois de Kant a ter colocado em seu devido lugar. Dizem por aí que vivemos em tempos de crise, onde não há mais certezas, onde o final feliz dos contos de fada é tido como histórinhas de ninar, onde a crise da razão é o postulado a priori e o que impera é o niilismo. Tudo besteira! A nova geração prefere Nietszche a Kant, Sartre a Platão. Leiam Kant! Pois se não leram Platão, como querem entender Nietszche? Aliás, o bigodudo alemão que morreu maluco acreditou piamente na ciência e nos colocou na periferia do universo, nos tirou do centro e agora cá estamos, vivendo neste planetinha de merda jogados na existência como seres para a morte, Seres-aí afundando na lama do nada e do desespero. O bigodudo mestre da desconfiança morreu na praia, pois não compreendeu a mensagem que habita por detrás do símbolo, a realidade descrita nos mitos, a eternidade celeste que se encontra nas metáforas de todas as religiões e na verdadeira arte. A ciência quer banir do mundo a dúvida, a incerteza, o mistério, quer controlar até a morte, esta senhora absoluta do desconhecido, adiando a "vida" de indivíduos indefinidamente como vegetais apodrecendo nos leitos de hospitais lotados de jovens e cheios de vida pela frente. O que importa não é a comunidade, mas o ego, o indivíduo que acredita que a morte do corpo é o fim de todo o seu ser. Querem eternizar o indivíduo e se esquecem de que a eternidade se encontra aqui e agora, o espírito batendo na porta da mente presa em sua estrutura espaço-temporal, sussurando bem silencioso como a dizer: "Estou aqui". Este indivíduo não consegue perceber que participa da energia da vida atemporal, e não concebe um estado anterior ou posterior à sua própria vida corporal. Esta é a tragédia da vida, que foi anunciada e belamente representada pelo povo grego e resiste até hoje na literatura moderna. É necessário uma mudança de foco, onde o indivíduo não seja mais a razão de tudo, o ponto-de-vista mais privilegiado. Quando vamos começar a privilegiar a comédia, e, nas palavras de Joseph Campbell "sua natureza mais elevada que a tragédia, que manifesta uma verdade mais profunda, de percepção mais difícil, de estrutura mais sólida e de revelação mais completa?" Ainda nas palavras de Campbell: "A mente meditativa está unida na representação de mistérios, não com o corpo cuja morte é apresentada, mas com o princípio de vida contínua que por algum tempo o habitou e que, durante esse tempo, foi a realidade revestida na aparência, o substrato em que o nosso eu se dissolve quando a tragédia que desfigura a face do homem despedaça, esmaga e dissolve nossa capa mortal". Lindo! A natureza nos dá o exemplo, onde vemos em qualquer selva criaturas se alimentando da morte de outras vidas, perpetuando o teatro do eterno retorno. Quando damos ênfase ao indivíduo e não a comunidade, quando entendemos as escrituras ao pé da letra e não metaforicamente, o que acontece é o que está nas páginas de todos os jornais atualmente. Um bando de idiotas no oriente que não conseguem perceber que o "Seu" Deus é o mesmo que o Deus do outro, lutando por "terras sagradas", quando a verdadeira mensagem é que a "terra sagrada" é o lugar onde você está sempre. Onde o "amar ao próximo" só é respeitado dentro de sua própria comunidade, onde os recursos naturais só existem para satisfazer suas necessidades imediatas, e não a comunidade humana por inteiro e as gerações futuras. A comédia nos fala da natureza eterna e invencível da própria energia da vida, onde o indivíduo se identifica não com a sua natureza corpórea e mortal, mas com a vida que insiste em sobreviver eternamente.
Ouvi outro dia uma história pelas palavras de um jovem instrutor de práticas orientais que era mais ou menos assim: Um velho foi procurar um mestre zen alegando estar doente. Após ter ouvido as lamúrias e lamentações do velho, o mestre respondeu mais ou menos assim: "Ora, você já está velho. Já viveu, se casou, teve filhos. Está na hora de morrer. Aceite isso". Por fim, respondendo ao meu caro amigo desconhecido, não me mato por que a morte é o que dá sentido a vida, é a grande inspiradora da Filosofia e que nos une a eternidade. A experiência da eternidade se encontra aqui e agora, não em outro mundo.
Por hora é só. Que venham mais provocações.
sexta-feira, setembro 23, 2005
música
queria escrever som! que cada tecla fosse como um batuque de samba numa mesa de bar. como tambores indianos fumegantes de incenso. como música clássica envolta pelas eletrônicas batidas de moby a passar por sobre a estrada do joá indo pra barra da tijuca observando o mar: - o cheiro da maresia de um dia nublado. queria não ser influenciado por nenhum escritor e por nada que já tivesse lido. mas estou impregnado por tudo que já passei. por cada rótulo de cigarro, por cada tubo de pasta de dente, por cada outdoor, jornais, revistas, comerciais, cartazes de shows. pelas letras de funks e pelas canções nordestinas. cordel! ouça: os tiros de lampião e o som das cabeças cortadas pela lâmina enferrujada. o som da chacina do paraiso de antonio conselheiro: saraivada de balas e o som dos canhões - gritos, choros, chamas e salvas de palmas e urros de vitória - viva o rei! roberto carlos, eu sou terrível! o tambor a dar o ritmo dos navios vikings: hup, hup, hup! os gritos de horror e de raiva da preparação para a guerra! o som do coração a mil por hora e o olhar em fúria, e o ranger dos dentes, o som das águas do mar sendo cortadas como por uma lâmina pelo casco da embarcação. e mais ao sul o mesmo tambor a dar o ritmo dos navios negreiros, um ritmo mais lento, mais lamentoso, mais carregado e, ao invés de urros de fúria, choros e lágrimas e chicotes e o som de uma sessão de umbanda! o som de um batuque de negros - candomblé: dança, dança, dança! e batuques, atabaques, ôgams, incensos, defumadores e capoeira! muita capoeira, pandeiro e berimbau ! diq dum dum, diq dum dum, diq dum dum... e os pés passam em volta dos meus ouvidos como um zunido de bala, e o som das pernas ao ar, o sincronismo perfeito do corpo com pêndulos e sons e transe e etc e tal. e no metrô escuto no som dos vagões o som de antigas locomotivas se perpetuando por minas gerais. e a fumaça negra contrastando com o céu azul e o verde das colinas. ah! ontem na cinelância em frente a câmara, tinham alunos da escola de circo fazendo palhaçadas ao som de hermeto pascoal, e atrás os grevistas dos correios com a faixa segurada com desdem - estavam enfeitiçados pelo espetáculo. logo depois o som de um galope nordestino e forró e meu deus como sou grato por isso! o som! o som dos passos de tênis em um prédio aonde acabaram de encerar o chão e a borracha irritando pelos longinquos corredores. as unhas por cortar arranhando um quadro negro. um prego arranhando um vidro. bolinha de plástico rangendo nos dentes. isopor arrastando um no outro. as unhas no ferro do elevador... ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh que nervoso!!!!!!!!!! ugi ugi ugi gagagaag ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!! arrepios e é tudo som! vozes e mais vozes e mais vozes se multiplicando na acústica de um bar com os ânimos exaltados pela cerveja, vodka, caipirinha, caipivodka e mais ânimos e mais quem quer chamar mais atenção e mais egos e mais besteiras e mais filosofia de buteco e politica - a fofoca dos intelectuais - e poesia e eu te amo e eu te odeio e bla bla bla e som na caixa e ninguem mais entende nada e um som uníssono é percebido permeando todos os sons que só os mais atentos quase ninguém que neste momento já se desligaram de todos e ao mesmo tempo conectaram em todos e ohmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm..................................... o som das águas.
o som das águas em um rio batendo suavemente nas pedras. um pássaro: - piu!
o silêncio. um zumbido de um zangão! o mover-se suave com medo de quebrar algo - de tão frágil que parece tudo a minha volta.
o vento suavemente sobre as folhas. o balançar suave das copas das árvores.
só consigo compreender o som depois de compreender o silêncio...
o som das águas em um rio batendo suavemente nas pedras. um pássaro: - piu!
o silêncio. um zumbido de um zangão! o mover-se suave com medo de quebrar algo - de tão frágil que parece tudo a minha volta.
o vento suavemente sobre as folhas. o balançar suave das copas das árvores.
só consigo compreender o som depois de compreender o silêncio...
quarta-feira, setembro 21, 2005
mágica
queria escrever luz! que da tela do computador saltassem letras tridimensionais e como abelhas estivessem prontas a me dar o mel. queria entrar pelos fios e navegar pelos tubos de fibra ótica, atravessar os oceanos até chegar a índia! queria que ao escrever me transformasse. transformasse o mundo! mas não como o tocador de flautas pronto a levar os ratos pra dentro do rio... queria o mais puro deleite! contemplar as nuvens e sentir arrepios na nuca! sentir os ventos passar por dentro de mim e beber águas dos rios... nadar nu por entre as ondas do mar e brincar com os plânctons numa noite de luar! depois, correr, correr pela praia urrando e tentando me esquecer do que sou e me lembrar do que já fui... mesmo que isso não tenha importância alguma... queria sim amar loucamente despreocupado... e fodam-se as contas a pagar - de volta ao lugar-comum. sim! sonho com liberdade! liberdade material e espiritual! poder chegar na rua e sentar ao lado de uma pessoa em um banco na cinelândia e poder dar bom-dia e perguntar se o tempo vai virar sem ao menos a pessoa sair de perto com os olhos arregalados de medo de tantas coisas... e que tantas coisas criamos! e que tantos medos temos! suspiro com os olhos fechados e só me vem a cabeça a enseada de botafogo com o pão de açucar ao fundo - deja vu eterno! as vagas e barcos a pescar pela baía, anzóis ao lado do MAM - hélio oiticia, seus parangolés e o samba! que século passamos! e queria tanto andar de mãos dadas pelo aterro... e dizer besteiras e comer algodão doce! simples assim. mas nada me é impossível. tenho o gosto pelo infinito! salto e vou pendurado pelos bondinhos de santa tereza até o bar do mineiro comer aquela feijoada e rir com o jeito baiano trio elétrico de jorge salomão. vou até a casa da mariana poppoff e ouço o yuri tocando com a lena horta e sua flauta mântrica maravilhosa. corro pelos trilhos até ir tomar um banho naquela ducha nas paineiras... e ver o sol nascer sobre niterói a iluminar a pedra da gávea... vejo aqui de cima as ilhas cagarras! e o jóquei e a lagoa rodrigo de freitas e o cristo de braços abertos a dar boas vindas para o Sol! Escorrego do mirante e caio bem na cachoeira dos primatas... me sinto um índio tomando banho na cachoeira completamente nu e rezando e olhando para as árvores e fazendo Yoga com o som das águas, do mato e de tiros da favela próximo ao clube do macaco no Horto - para incrementar ainda mais a poesia! Corro de volta pela trilha, respirando terra e voando por sobre as árvores e dou de cara com policiais parados ao largo me dando dura e perguntando o que estou fazendo ali a essa hora e querendo achar algo que não existe - procurando sarna pra se coçar! e deixam seus pacotes do Bob´s por ali mesmo junto com os papelotes e as camisinhas... ahhhhhh! a escuridão volta a tomar conta do texto! afaste-se de mim! quero sim escrever como um alienado e me esquecer de tudo de ruim que acontece! quero de volta a luz e a inocência da infância quando tudo parece mágico e dentro de um desenho de uma caixa quero enxergar de novo a ovelha lá dentro... curiosidade mágica que aguça os sentidos! o que estará atrás daquela esquina? e minha pupila dilata e meu coração pula e tchan tchan tchan!!! nada de mais, apensas mais uma rua... ha! mas o que importou foi aquele mágico momento da descoberta! como um beijo ainda desconhecido e um cheiro ainda não sentido. paro. me deu agora aquele divino vazio cheio de graças calmo como um lago sem vento a refletir o céu e em sua superfície somente os insetos a desenhar e eu o apreciador passivo dessa peça viva que é a vida!
terça-feira, setembro 20, 2005
Tempo
Tive um insight outro dia sobre o tempo. Percebi que meus pensamentos se encadeiam uns aos outros dando a ilusão de que algo ocorreu antes ou depois. É como se cada um dos meus pensamentos não sobrevivesse sozinho, necessitando sempre outro pensamento para que possa existir(o pensamento existe?), cada um agindo como um gancho para o próximo pensamento, que por sua vez é enganchado em outro e assim ad infinitum, nos dando uma ilusão de tempo. Assim como Kant, não atribuo ao tempo uma dimensão objetiva, mas subjetiva, onde o tempo não é nada em sí mesmo, mas somente uma intuição sensível que faz parte de nossa própria estrutura. Assim como Einstein, acredito que o tempo é relativo. Certa vez, ao ser perguntado sobre como teria bolado ou criado sua teoria da relatividade, o grande cientista respondeu: "Minha teoria é simples. O tempo passa lentamente quando estamos fazendo algo entediante. Por outro lado, quando estamos acompanhados de uma linda mulher, o tempo passa voando". Simples assim, não obstante, brilhante.
É preciso morrer para que outra vida possa nascer. É preciso que uma geração morra para que uma nova possa surgir. É necessário compreender o ciclo da vida, onde uma vida se alimenta de outra vida. É necessário abrir mão do ego, do indivíduo, para que a comunidade possa evoluir. Chega de entubadores e médicos prolongadores de mortos-vivos. Viva a eutanásia! Quando vamos aprender a morrer e a respeitar a morte, esta deusa, senhora do absoluto desconhecido? Até onde podemos prolongar uma vida? Morram velhos mortos-vivos aposentados! Já viveram o bastante. É hora de passar a bola. Aceite a vida em todas as dimensões! Chega de aposentadorias e filas do INSS e o caralho! A morte faz parte da vida, assim como a vida faz parte da morte. Não há o que temer. É necessário o auto-sacrifício!
É preciso morrer para que outra vida possa nascer. É preciso que uma geração morra para que uma nova possa surgir. É necessário compreender o ciclo da vida, onde uma vida se alimenta de outra vida. É necessário abrir mão do ego, do indivíduo, para que a comunidade possa evoluir. Chega de entubadores e médicos prolongadores de mortos-vivos. Viva a eutanásia! Quando vamos aprender a morrer e a respeitar a morte, esta deusa, senhora do absoluto desconhecido? Até onde podemos prolongar uma vida? Morram velhos mortos-vivos aposentados! Já viveram o bastante. É hora de passar a bola. Aceite a vida em todas as dimensões! Chega de aposentadorias e filas do INSS e o caralho! A morte faz parte da vida, assim como a vida faz parte da morte. Não há o que temer. É necessário o auto-sacrifício!
segunda-feira, setembro 19, 2005
tempo
óh tempo! amigo dos solitários, companheiro dos mendigos, infalível remédio para desamores, inimigo dos ansiosos e transformador dos tolos em sábios!
óh tempo! lapidador das pedras, progenitor das areias das praias e criador do sol!
óh tempo! fostes meu inimigo por muito tempo. arrancastes fora meus cabelos. colocou-me fortes expressões nas testas e olhos. mataste-me de arrependimentos por merdas feitas no passado - e remorsos! deixaste meu coração tão duro como os ossos e infernizaste minha vida! mas também me curaste. me trouxeste o perdão, a compreensão e me aliviaste a dor!
óh tempo! és a relatividade encarnada! és inesgotável quando criança; és imperceptível quando estamos em um carro a alta velocidade; és o maior dos contadores de histórias! és o ranger dos joelhos e as marcas no sorriso do velho jogador de dominós da praça; és invencível e o mais veloz dos corredores contra o envenenado por uma cobra em um local desolado e, o fiel aliado do criador do antídoto.
óh tempo! és a medicina! és a experiência! és a história, a filosofia e a poesia! és o deleitar-se nas entrelinhas, a magia das vírgulas e o místico das reticências...
óh tempo, por todos os lugares que andei e por toda minha vida me seguistes como uma sombra. não me deixastes só nem por um segundo: - o segundo, esse teu primogênito mais mimado! até que enfim descobri: o lugar aonde não te encontro, aonde tornas-te impotente! e somente nesse lugar não te damos importância, nem a mínima que seja. lá aonde um segundo dura uma eternidade. lá aonde não existe passado nem futuro: lá bem no fundo daqueles olhos castanhos, na sinceridade do sorriso e no toque dos lábios...
óh tempo, és inexistente quando se ama!
óh tempo! lapidador das pedras, progenitor das areias das praias e criador do sol!
óh tempo! fostes meu inimigo por muito tempo. arrancastes fora meus cabelos. colocou-me fortes expressões nas testas e olhos. mataste-me de arrependimentos por merdas feitas no passado - e remorsos! deixaste meu coração tão duro como os ossos e infernizaste minha vida! mas também me curaste. me trouxeste o perdão, a compreensão e me aliviaste a dor!
óh tempo! és a relatividade encarnada! és inesgotável quando criança; és imperceptível quando estamos em um carro a alta velocidade; és o maior dos contadores de histórias! és o ranger dos joelhos e as marcas no sorriso do velho jogador de dominós da praça; és invencível e o mais veloz dos corredores contra o envenenado por uma cobra em um local desolado e, o fiel aliado do criador do antídoto.
óh tempo! és a medicina! és a experiência! és a história, a filosofia e a poesia! és o deleitar-se nas entrelinhas, a magia das vírgulas e o místico das reticências...
óh tempo, por todos os lugares que andei e por toda minha vida me seguistes como uma sombra. não me deixastes só nem por um segundo: - o segundo, esse teu primogênito mais mimado! até que enfim descobri: o lugar aonde não te encontro, aonde tornas-te impotente! e somente nesse lugar não te damos importância, nem a mínima que seja. lá aonde um segundo dura uma eternidade. lá aonde não existe passado nem futuro: lá bem no fundo daqueles olhos castanhos, na sinceridade do sorriso e no toque dos lábios...
óh tempo, és inexistente quando se ama!
sexta-feira, setembro 16, 2005
sonho
sonho com um grande desastre natural todos os dias ... um grande meteoro se chocando com a terra e matando 9/10 da população mundial - ricos, pobres, cristãos, ateus, indianos, americanos - inclusive eu! sonho com todos os mísseis se tranformando em chafarizes. todas as usinas elétricas e atômicas sendo destruídas e todas as fábricas parando. a terra sem luz ... o que faremos? ei cientistas!!! pensem agora! o que fazer? do que adiantaram seus bilhões gastos em aceleradores de partículas subatômicas? do que adianta a porra da nave lá em marte procurando sei lá o que? hein? vocês sabem lavrar a terra? sabem fazer ao menos um pão? ordenhar uma vaca? haha ... duvido!! sonho com os humanos respeitando mais a terra, voltando seus olhos pra terra ... estamos tão cercados por concretos e comlurb e privadas e canos de esgoto que não nos damos conta pra onde vai a nossa merda. você sabe pra onde vai o saco plástico do supermercado? as embalagens de plástico coloridinhas com design moderno de todos os produtos conservadinhos em estabilizantes se entulham na frente dos condomínios luxuosos ... e um dia o cristianismo nos disse "amar ao próximo" muito condizente com sua época. mas hoje eu vos digo "amai a terra porque se não houver mais terra não haverá o próximo".
infeliz
Me volto para dentro à procura da doença que corrói meu coração, o tumor que habita meu peito, cheio de mágoas, desespero e frustração. Quero extirpá-lo, destruir a tristeza dos covardes que não escolhem uma solução. Preferem a mágoa, o sofrimento e a condenação. Já avisei a todos, não quero ser feliz! Me deixem em paz, acompanhado da inútil melancolia dos que não querem a salvação. Sei que sou assim, e não quero sua ajuda, miseráveis! Deixem-me apodrecer na terra, continuem a encher o bucho de alegrias, para depois vomitá-las em cima de mim. Uma cova abri para meu coração, na esperança de que tu jogues a última pá de terra por cima do caixão. Assim estou desobedecendo a Deus, é tudo o que quero. Para que, no final, presencie sua grande misericórdia e me salve do inferno que eu próprio criei. Se quiseres, caro amigo, me acompanhe nesta jornada infeliz, para que possas presenciar a morte de um idiota, que no fundo só quer chamar a atenção daqueles que não soube respeitar. Talvez com isso aprenda a dizer sim a vida meu caro amigo, e possa eu fazer uma boa ação. Assim poderei ao menos me cubrir de vergonha do egoísmo que fiz minha razão de viver.
terça-feira, setembro 13, 2005
porque escrevo
eu não escrevo por prazer. escrevo como quem morre, como quem acaba de ser arrancado os testículos. escrevo depois de ter levado um soco na cara e me ver com a cara desfigurada e sentindo em minha lingua o que restou dos poucos dentes despedaçados. escrevo depois ser cortado o corpo todo com estiletes e ser jogado em uma bacia de alcool e sal grosso e tacado fogo. escrevo gritando de dor ao ser pendurado com uma corda pelos cabelos (o que restou deles) e descido lentamente até encostarem os dedos do pé nas lavas de um vulcão. suplico, imploro mais um pouco de dor!!! e sou puxado de volta somente com os cotocos do que restou das pernas e amarrado pelas mãos em um Grand Cherokee e arrastado a toda velocidade pela areia do deserto em volta do vulcão e por sobre cactos e espinhos. escrevo sem esperança alguma no mundo. escrevo descrente, amargurado e com raiva pelo óleo derramado por sobre a baía de guanabara. escrevo somente com um olho que restou e me vejo parado em frente a uma árvore. árvore já sem vida alguma, seca, completamente seca. o sol impiedoso e vil vingador. e lá me pregam como a um Cristo. escrevo como um fariseu, como um romano, um judas! e os pregos estavam fervendo e o sol está forte. mal sinto ele na minha carne cheia de escoriações. o suor misturado ao sangue me desce pela pele. o Grand Cherokee se vai. e eu fiquei só. só? tem uns urubus passando aqui em cima. escrevo como carniça fedorenta. ih! tá vindo um aqui na minha direção. pousou ao lado do meu braço e está comendo aos poucos a carne que restou ao redor da mão. escrevo com urros e berros e gargalhadas enlouquecidas! um rato do deserto veio, e para minha maior alegria me subiu pelos pedaços de perna e me comeu o que tinha restado do saco escrotal e do pau. escrevo como quem quer se libertar. e estava quase livre! acabou? não! quero um pouco mais de dor!!! quero um pouco mais de perdão! supliquei e como por um milagre veio um faminto e lindo lobo do deserto trazendo consigo a vingança de toda sua raça - o libertador, o salvador! com grande esforço e sons de moedor de carne ele arrancou da árvore dilacerando os membros e foi jogada ao chão aquela massa disforme de ser inumano que um dia foi eu - e lambendo os beiços a roeu até os ossos lentamente até um suspirar aliviado se esvair. escrevo então sem ossos. sem mãos. sem carne: sem vida! escrevo espírito!
Pequenas alegrias
A vida é feita de pequenas alegrias. Provavelmente alguém já escreveu isso em algum lugar, talvez alguém famoso até, eu é que sou ignorante, ou talvez só esquecido. Mas começo a perceber a verdade nestas palavras. A vida é feita de pequenos momentos, pequenas alegrias, e são estes momentos que fazem a vida valer a pena. No caminho da vida, estamos sempre buscando uma felicidade por inteiro, uma verdade absoluta, um orgasmo inatingível enquanto as pequenas felicidades, as verdades microcósmicas e os pequeninos orgasmos estão acontecendo, enquanto a vida em sí está acontecendo. E acabamos por não aproveitar estes momentos, ou talvez somente não damos conta de que estes pequenos momentos é que fazem a vida, é que realmente são a vida. Uma conversa despretensiosa com a empregada, uma noite falida bebendo cerveja no bar, um sorriso da pessoa amada, um acidente engraçado, um ato falho, esses são os momentos mais importantes. Um lanche com a família onde às vezes todos se esquecem de brigar e conversam e sorriem sem nenhum propósito importante,um filme visto com seu pai, um carinho naquela hora, um telefonema, um chocolate, um passeio com o cachorro, uma piada meio sem graça...São estes momentos que fazem a vida valer a pena e não prestamos muita atenção neles, pois estamos sempre a procura de algo maior, de um objetivo distante, de uma felicidade duradoura. O que importa é o caminho, não a chegada.
terça-feira, setembro 06, 2005
Sonho
Vou dormir e sonhar e dormir e sonhar pra ver se algo acontece e acordo num susto e minha vida inteira se resolva para mim porque eu nao consigo mais resolver e na verdade eu to de saco cheio de tentar resolver as coisas que ficam passando e adiando e nao se resolvem então eu vou sonhar para ver se algo do meu inconsciente sai do fundo da minha mente e se revele para mim para que eu possa escrever num caderninho meu sonho e faça minhas associações e decida o que quero fazer e como fazer e porque fazer e tudo isso que no fundo eu nao acho que vai acontecer mas talvez se eu continuar a escrever assim meio que sem limites e pontos e virgulas e acentos meu inconsciente expulse sem querer o que eu guardei e que no fundo eu nao queria saber e tal e nada acontece e eu já estou ficando de saco cheio de tentar escrever que estou de saco cheio mas na verdade eu acho que eu so estou desanimado com essa falta de perspectiva que toma a minha vida de tanto tedio que nao aguento mais uma so tristeza e pode ser a gota dagua e que talvez quem sabe talvez resolva algo que eu nao mais consigo nem quero resolver e que no fundo nada se resolveu desde que eu me entendo por gente pelo menos gente que eu imagino que seja uma pessoa normal e que pense que e gente e essas coisas todas de pensamento linguagem e mente e tal e problemas e vida e ser humano e destino e profissao e ego e mitologia e filosofia que no fundo nao resolvem nada e esse tal de kierkegord que diz que todos somos desesperados e tal e que o pior e aquele que nao sabe que esta desesperado mas quando percebe seu desespero descobre que a sua vida inteira foi desesperada e procurando a salvacao e a solucao de problemas que no fundo nao resolvem o problema mais fundamental que e o de saber quem sou eu e me sentir vivo e que no fundo estamos procurando nao um sentido para a vida mas uma experiencia de estar vivo e tal e esse texto vai ser revisto porque dizem por ai que reescrever e mais importante que escrever e sera que ja esta saindo algo das brechas do meu inconsciente e que me facam uma revelacao bombastica do que eu realmente estou procurando e porra porque a gente fica o tempo inteiro pensando e tal e esse texto parece um sonho porque o sonho e uma coisa meio sem sentido mas que se voce for analisar tem todo o sentido do mundo e tal e essas coisas que as pessoas dizem e que voce acha que e verdade e esse papo de inconsciente coletivo talvez explique alguma coisa mas no fundo nao resolve nada mas na verdade o que resolvera isso talvez seja um sonho mesmo mas ai voce nao vai resolver nada pois o sonho e que resolvera por voce e tal mas no fundo esse texto e sobre sonho entao acho que a moral da historia e que o sonho e algo como a vida mas num sentido mais preguicoso e voce la deitado e tal e etcetera e tal
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