sexta-feira, março 31, 2006
Meu ovo esquerdo
Todo o dia faço minhas preçes a São Lulinha protetor dos pobres e comunistas, visto meu pijaminha do PT, viro pra esquerda e durmo. Em minhas preçes peço que Lulinha ajude a salvar todos os pobres do Brasil inteiro. Amém.
quinta-feira, março 30, 2006
Restos do encontro com os astros
Não temos referências, modelos a seguir. Como já dizia cazuza, todos os meus heróis morreram de overdose. Outros se suicidaram. Outros se venderam, outros estão na sarjeta. Precisamos de referências e não adianta procurá-las com os mais velhos, pois eles às vezes estão mais perdidos do que nós, não em relação a política ou qualquer assunto fútil deste tipo, isso eles sabem direitinho...Digo em relação a vida, em relação as questões metafísicas, ao centro da nossa própria existência que está completamente dilacerada e diluída em espaços profanos de fissuras utilitárias. Quero saber o que a Vida tem a dizer para mim! Quero saber o que a vida tem a me dizer em relação ao que eu sou! É isso o que importa. Chegamos ao mundo e tudo o que dizem para nós é a forma que precisamos seguir para nos ajustar às leis, para nos enquadrar no mercado e para conseguir as coisas que são "necessárias" para a vida em sociedade. A sociedade, a ciência e inclusive nossos pais (pois eles também sofreram isso) tentam nos fazer acreditar que somos os filhos da faxineira do universo e que devemos tentar nos conformar com isso. A pergunta nunca é o que nós somos mas o que estão precisando. Vá fazer informática porque isso dá dinheiro e o mercado vai crescer pois o mundo vai precisar cada vez mais de nerds para preencher os espaços em branco de tudo o que falta e que é essencial e tornar nossas vidas mais fáceis e úteis e tecnologicamente melhores e instrumentalmente mais abundante e rica. Vá fazer direito pois as pessoas precisam de alguém que defenda seus direitos e os faça se sentir mais vítimas da sociedade e das outras pessoas e da vida e de tudo (inclusive de Deus) do que já o sentem e acham. O cúmulo dessa aberração eu li outro dia no jornal( não era o globo). Um rapaz deficiente na França processou os pais por eles não terem abortado-o. Ele ganhou...Enfim, voltando ao assunto, o que importa não é o que você é mas sim o que o mundo está precisando que você seja. Somos o tempo todo bombardeados a acreditar que somos os filhos da faxineira do universo quando na verdade somos os reis e o mundo é que precisa se ajoelhar aos nossos pés e criar demandas para o que nós somos, não ao contrário. É uma espécie de revolução copernicana, mas agora não aos moldes de Kant e da questão epistemológica, mas uma revolução espiritual. Somos os reis e viemos mostrar o que somos, portanto tratem de começar a criar demandas e necessidades para o que eu sou e para o que eu faço!
quarta-feira, março 29, 2006
A besta sou eu
A Globo falô tá falado rapá! Quem você pensa que é? Meu pai falou eu acredito, claro! Leio teu texto e imediatamente surge esta frase na minha cabeça: "acho que eu sou um débil mental". Autoridades em qualquer assunto não faltam mas a pergunta que vale um milhão de doláres é a seguinte: em qual mentira vamos acreditar? Tudo fala por nós mas o pior de tudo não é isso, mas o camarada achar que é sincero. Como eu. Autoridades são necessárias e tu tem que acreditar em alguém porque se você não acreditar em ninguém meu chapa, você pode querer começar a aprender a pensar. E aí? Imagina, tu refletindo sobre a vida? Prefiro o suicídio! Acho que vou no banheiro vomitar e daqui a pouco vou voltar pro meu lar doce lar e depois talvez eu vá ao cinema para o meu cérebro eu conseguir desligar e mais tarde vou dormir e por favor meu deus não me deixe sonhar e depois do cinema vambora tirando a calcinha logo meu bem porque nós vamos trepar e se eu ficar com muita raiva eu vou querer assassinar. O Lula.
kurosawa - o místico do planalto central
é meu amigo, vc acredita em tudo que le nas bancas de jornais e em tudo o que passa no jornal das 8? vc que falou de terra em transe não percebeu que lá tb eles falam que o governante que está no poder tem que fazer as vontades daqueles que os colocaram lá? e quem colocou lula no poder? fomos nós? quem somos nós? somos o que somos ou somos o que ditam pelos meios de comunicacao? e lula estando lá quem pode dizer pelo que ele passa? li não sei aonde que estão doando bolsas familias por ai e dizendo que o desemprego está melhorando e que existem programas sendo implementados para o problema da seca no nordeste ... mas isso é por baixo dos panos e muito pouco divulgado ou estou delirando? e quem disse que o brasil está uma merda? a rede globo ou o jornal o globo? vc? eu? hein? no filme terra em transe a emissora de TV era quem ditava quem ia ficar no poder dependendo dos seus interesses lembra? e quem comanda o pais é quem está no poder? quem está no poder na realidade?
e aliás ... quem se importa com isso tudo? eu estou achando tudo ótimo!
e aliás ... quem se importa com isso tudo? eu estou achando tudo ótimo!
terça-feira, março 28, 2006
"Analfabeto no poder" ou"A besta de bom coração"
Glauber já havia profetizado em terra em transe: "já pensou Antônio (ou João, José, Manuel, sei lá, essa besta, pronto!) no poder?". Um analfabeto governando um país inteiro..."Mas a culpa não é do povo Antônio!" Já dizia o ceguinho pra Antônio das Mortes. Tudo bem, mas então é de quem? Quem colocou Lulinha paz e amor no poder? "Eu confiava nele!" dizem por aí. Inteligente como ele só, Lula desanda por aí sem parar de falar besteira. É uma metáfora idiota atrás da outra, e lá vai o presidente do Brasil discursando de improviso e o povo esperando o belo dia em que ele salvará a todos. Aí um outro belo dia o povo cansa, já não acredita mais no operário que veio do povo. Pobre que vai pro poder muda de caráter, pensa o povo, e lá vai todo mundo votar num evangelho, esse sim é uma pessoa de bem e vai salvar nóis. É...Mó onda ae. Garotinho no poder e o Brasil vai pra PUTA QUE PARIU! Mó onda ae. "Eu sou de esquerda!" pensa o débil mental, e dá um gole de champagne no apartamento da Vieira Souto, e começa a falar de socialismo..."Já li tudo de Marx!" e eu digo pra você: FODA-SE!! e cuspo na tua cara, seu arrombado!
quinta-feira, março 23, 2006
Histórias Verídicas
Certo dia, um desses dias aparentemente igual a qualquer dia normal, vinha andando e assoviando alegremente o príncipe das trevas, Lúcifer em pessoa, por uma simples estradinha de terra no interior de uma cidade qualquer do Brasil, a fazer sua caminhada matinal, carregando um saco cheio de verdades absolutas. De repente, sua majestade, O Belzebu, tropeçou numa pedra e, numa dessas jogadas do destino, uma das verdades absolutas caiu para fora do saco e ficou lá caída, no meio da estradinha, reluzindo como ouro. Neste exato momento ia passando um simples humano, que avistou quase sem querer aquele tesouro inestimável, e não pensou duas vezes: pegou aquela preciosidade e saiu correndo o mais rápido que pôde com um sorriso imenso estampado no rosto. Enquanto isso, um diabinho que também passava por ali e tinha visto tudo, foi correndo contar para seu mestre o que tinha acontecido: "mestre, mestre! Você não viu? Um humano pegou uma das verdades que caíram do seu saco!". Estranhamente (para o diabinho), o Diabo não deu a mínima e continuou andando. O diabinho atordoado insistiu: "mestre, você não vai correr atrás dele?" mas o Diabo somente balancou a cabeça negativamente. O diabinho sem conseguir se conter, insistiu mais uma vez e perguntou:" Mas porque mestre? foi um humano, um reles humano que pegou a verdade!". O Diabão por fim respondeu ao seu discípulo: " Não tem problema, rapazinho. O máximo que ele vai fazer é fundar uma nova religião".
Homo imbecilóides
É aquele babaca que acredita que somos macacos desenvolvidos, que quer nos fazer acreditar que somos os filhos da faxineira do universo, os merdinhas da escolinha, seres-aí jogados na existência, seres para a morte, desesperados e angustiados, vivendo na periferia do cosmos, uns nadas, uns meeeeeeeeeeeeeeeerdas!Resumindo, é aquele cara que acredita no que a ciência diz. Vejamos:
"O materialismo tem uma visão ateísta da realidade. A chave para a compreensão do mundo é o próprio mundo, não os conceitos produzidos. O conhecimento do mundo é obtido por meio da experiência e da percepção sensorial – é desta forma empírico. A idéia de Deus deve ser rejeitada, pois não tem fundamento na experiência (compreendida como experimento).
Muitos cristãos e humanistas compartilham dessa visão científica do mundo, assumindo o pensamento astronômico moderno do início do universo e da vida. O que diferencia os materialistas é acreditarem que a moderna visão do mundo exclui a idéia de qualquer tipo de criação religiosa. Para eles, tudo o que se pode afirmar com relação à Terra e ao universo é o que a ciência afirma.
Muitos cientistas cristãos baseiam suas pesquisas no chamado ateísmo metódico, próprio do método científico – estudam o mundo e realizam suas pesquisas como se não existisse deus. O ateísmo dos materialistas filosóficos vai além: negam de início a existência de deus".
"O materialismo tem uma visão ateísta da realidade. A chave para a compreensão do mundo é o próprio mundo, não os conceitos produzidos. O conhecimento do mundo é obtido por meio da experiência e da percepção sensorial – é desta forma empírico. A idéia de Deus deve ser rejeitada, pois não tem fundamento na experiência (compreendida como experimento).
Muitos cristãos e humanistas compartilham dessa visão científica do mundo, assumindo o pensamento astronômico moderno do início do universo e da vida. O que diferencia os materialistas é acreditarem que a moderna visão do mundo exclui a idéia de qualquer tipo de criação religiosa. Para eles, tudo o que se pode afirmar com relação à Terra e ao universo é o que a ciência afirma.
Muitos cientistas cristãos baseiam suas pesquisas no chamado ateísmo metódico, próprio do método científico – estudam o mundo e realizam suas pesquisas como se não existisse deus. O ateísmo dos materialistas filosóficos vai além: negam de início a existência de deus".
Homo Religiosos
É o que nós realmente somos. É aquele cara que diz que:
"A religião é compreendida a partir da experiência religiosa e a partir do pressuposto de que tal experiência é significativa para quem a vive. Esta experiência é caracterizada como senso do sagrado – um sentimento ao qual corresponde uma realidade verdadeira. Nas estruturas da religião está o substrato profundo do próprio ser humano. O sagrado é uma experiência primordial, autêntica, enxertada nas dimensões humanas mais profundas, no homo religiosus".
"A religião é compreendida a partir da experiência religiosa e a partir do pressuposto de que tal experiência é significativa para quem a vive. Esta experiência é caracterizada como senso do sagrado – um sentimento ao qual corresponde uma realidade verdadeira. Nas estruturas da religião está o substrato profundo do próprio ser humano. O sagrado é uma experiência primordial, autêntica, enxertada nas dimensões humanas mais profundas, no homo religiosus".
quarta-feira, março 22, 2006
Igor - o playboy
Igor playboy se despede dos lekes na academia do leblon, valeu leke! valeu leke! Amanhã vamos bagunçar na praia, hein! HAHAHA! dá um tchau pra Carolzinha, abaixa a cabeça e vai andando rápido em direção ao seu carro, um volvo que papai lhe deu logo depois dele ter dado perda total no audi. Liga o carro e começa a dirigir pensando nos seus bíceps e tríceps e peitoral e na vitamina de banana e no macarrão que vai comer quando chegar em casa. Junho, julho no máximo ele vai estar um monstro, que nem o Gui e o Kaká, aí sim a Carolzinha vai gostar dele. Chega em casa, abre a porta e vê papai jantando com mamãe ao mesmo tempo em que fala no celular com alguém. Boa noite pessoal, e segue para o seu quarto rápido e sem olhar pros lados. No quarto pensa: - meu pai nem olhou pra mim. Vai pro banho, tira a roupa e fica a olhar pra sua pança flácida, pensando "em junho, julho no máximo essa barriga vai sumir e aí sim a Carolzinha vai ficar comigo e eu vou ficar igual a um monstro que nem o Gui e o Kaká".
Chega na sala de jantar onde papai e mamãe já terminaram de comer e estão a conversar. Faz um prato de peão, uma montanha de macarrão, feijão, banana e bife e começa a engulir tudo sem mastigar. - Come devagar seu merda! - Grita papai. Mamãe se assusta e fala "Iguinho, come devagarzinho, meu amorzinho" e Igor abaixa a cabeça e começa a comer devagar. - Parece que é favelado! comenta seu pai. Igor come em silêncio e tristeza. No fim da janta vai pro quarto e deita na cama. Começa a pensar em seu pai e soca a almofada umas quatro vezes com toda a força. "Papai vai ver, junho, julho no máximo vou ficar um monstro e aí ele não vai mais falar assim comigo e a Carolzinha vai querer ficar comigo e os lekes não vão me dar mais pescotapa". Olha no espelho e vê que seu cabelo já está crescendo, amanhã mesmo ele vai passar a 1 de novo. Se arruma pra ir dormir e joga seu corpo gordo na cama e quando ja está deitado ele pensa: "Amanhã eu vou malhar muito mais do que hoje!", apaga a luz do abajur e vai dormir com um sorriso no seu rosto de débil mental.
Chega na sala de jantar onde papai e mamãe já terminaram de comer e estão a conversar. Faz um prato de peão, uma montanha de macarrão, feijão, banana e bife e começa a engulir tudo sem mastigar. - Come devagar seu merda! - Grita papai. Mamãe se assusta e fala "Iguinho, come devagarzinho, meu amorzinho" e Igor abaixa a cabeça e começa a comer devagar. - Parece que é favelado! comenta seu pai. Igor come em silêncio e tristeza. No fim da janta vai pro quarto e deita na cama. Começa a pensar em seu pai e soca a almofada umas quatro vezes com toda a força. "Papai vai ver, junho, julho no máximo vou ficar um monstro e aí ele não vai mais falar assim comigo e a Carolzinha vai querer ficar comigo e os lekes não vão me dar mais pescotapa". Olha no espelho e vê que seu cabelo já está crescendo, amanhã mesmo ele vai passar a 1 de novo. Se arruma pra ir dormir e joga seu corpo gordo na cama e quando ja está deitado ele pensa: "Amanhã eu vou malhar muito mais do que hoje!", apaga a luz do abajur e vai dormir com um sorriso no seu rosto de débil mental.
terça-feira, março 21, 2006
a poética do devaneio
como sendo nunca antes acabei vendo o que dantes nao eras mais.
acabei por terra mastigado quase defunto
amando os céus como as gaivotas nem imaginam
olhando o além como jesus nunca sonhou
nirvana, aruanda, céu ou inferno
o que dante viu
eu mesmo vivo
uivo
sinto
mas mesmo assim as coisas continuam a vir sobre mim
os pensamentos transbordam mesmo que eu tente fechar a torneira.
os cachorros latindo,
meu pai rindo
e eu indo
não sei bem pra onde mas pra bem longe andar pelas neves e subir montanhas e descansar.
círculos e mais círculos - serão mandalas?
ôpa, ainda não. não está na hora de fazer as malas. quero sim, estar presente nesse momento com os sentidos aguçados. aqui! agora! preste bem atenção! o coração pulsando! o chão! minha casa! minha namorada! minha vida! é isso o que importa, nada mais que não seja o presente.
meu amigo kurosawa disse uma frase que me persegue a todo instante:
"a eternidade se faz aqui e agora!"
salve kurosawa! saravá kurosawa! DER HAI-KUROSAWA!
as vezes sinto que parei no tempo. não sei mais o que fazer e como gastar o tempo. penso se deveria usar meu tempo para causas mais nobres - tipo trabalhar no greenpeace ou então fazer um filme ou então voltar a tirar fotos mas algo me diz e daí? quem se importa? é sério! parece piada mas não é mas eu juro que se tivesse um movimento uma causa nobre eu entrava de cabeça. fora meu equipamento de escalada eu abdicava de tudo... já viu coisa mais insensata do que ir trabalhar no centro da cidade de carro???????? todos deveriam ir ou de ônibus ou de metro para o trabalho.
benefícios:
- economia da gasolina e dos recursos naturais.
- com menos carros nas ruas automaticamente menos transito.
- menos carros, menos poluição.
...
ah quer saber? to saindo depois nos falamos...
acabei por terra mastigado quase defunto
amando os céus como as gaivotas nem imaginam
olhando o além como jesus nunca sonhou
nirvana, aruanda, céu ou inferno
o que dante viu
eu mesmo vivo
uivo
sinto
mas mesmo assim as coisas continuam a vir sobre mim
os pensamentos transbordam mesmo que eu tente fechar a torneira.
os cachorros latindo,
meu pai rindo
e eu indo
não sei bem pra onde mas pra bem longe andar pelas neves e subir montanhas e descansar.
círculos e mais círculos - serão mandalas?
ôpa, ainda não. não está na hora de fazer as malas. quero sim, estar presente nesse momento com os sentidos aguçados. aqui! agora! preste bem atenção! o coração pulsando! o chão! minha casa! minha namorada! minha vida! é isso o que importa, nada mais que não seja o presente.
meu amigo kurosawa disse uma frase que me persegue a todo instante:
"a eternidade se faz aqui e agora!"
salve kurosawa! saravá kurosawa! DER HAI-KUROSAWA!
as vezes sinto que parei no tempo. não sei mais o que fazer e como gastar o tempo. penso se deveria usar meu tempo para causas mais nobres - tipo trabalhar no greenpeace ou então fazer um filme ou então voltar a tirar fotos mas algo me diz e daí? quem se importa? é sério! parece piada mas não é mas eu juro que se tivesse um movimento uma causa nobre eu entrava de cabeça. fora meu equipamento de escalada eu abdicava de tudo... já viu coisa mais insensata do que ir trabalhar no centro da cidade de carro???????? todos deveriam ir ou de ônibus ou de metro para o trabalho.
benefícios:
- economia da gasolina e dos recursos naturais.
- com menos carros nas ruas automaticamente menos transito.
- menos carros, menos poluição.
...
ah quer saber? to saindo depois nos falamos...
madalena - a entregadora de jornais
(enquanto isso na cidade de deus...)
- mãe! tô com fome!
- guenta só um pouco tá que mamãe já tá fazendo a comidinha.
- mãe! tô com fome!
- a comida tá quase pronta orlandinho! espera só mais um pouquinho tá?
- mãe! tô com fome! mãe! tô com fome!
mulher guerreira essa, trabalha no jornal o globo como entregadora e todo dia acorda as 2 da manhã pra entregar jornal no jardim botânico; mora na cidade de deus com seu filho de 6 anos que tem esquizofrenia, seu marido que é motorista de ônibus e sua tia-avó com seus 80 anos já meio cega que quando precisa, toma conta de seu filho.
orlandinho estava brincando com seu cachorro esperando a comida ficar pronta quando madalena se lembrou que estava devendo ao cara do açougue. ele tinha falado que tinha que ter pago ontem mas valdir teve que dobrar no trabalho e não pôde passar no açougue para pagar. madalena então resolveu ligar pro valdir pra lembrá-lo de passar no açougue quando estiver voltando pra casa.
- oi amor! (pausa) lembra que estamos devendo ao açougue? (pausa) amor não fale assim comigo... (soluços e mais soluços e mais lágrimas).
orlandinho ao mesmo tempo que estava brincando com o cachorro estava prestando atenção na conversa da sua mãe com seu pai e mais uma vez sabe o que vai acontecer. valdir sempre bebe e cheira e fica devendo a deus e o mundo - ainda mais puto do jeito que deve ter ficado com a notícia - e quando chega em casa espanca a mãe e depois mete a pica na tia avó dela ao mesmo tempo que manda orlandinho ficar lambendo seu saco. orlandinho que estava brincando com o cachorro coloca o piru já duro pra fora e começa a comer o cachorro. a mãe assustada com aquilo fala com o valdir:
- valdir! o nosso filho está comendo o cachorro!!!!! (longa pausa)
madalena começa a dar uns tapas em orlandinho pra ele largar o cachorro mas é em vão...
- valdir, o que eu faço??????!!!!! (longa pausa)
orlandinho ainda metendo começa a esganar o cachorro e a meter a porrada nele. larga o cachorro e pega a vassoura da cozinha e começa a enfiar no cu do cachorro até matar. madalena vê o sangue espalhado pela cozinha toda e fala o que aconteceu pro valdir. o telefone fica mudo e cai a ligação; logo depois ela tenta ligar pro valdir de novo mas o telefone dá fora de área.
madalena deixa cair o telefone na cozinha, junto com ele ela vai caindo abraçando o pé da mesa da cozinha chorando com soluços intensos. ela pega a toalha de pano de prato e limpando os olhos de lágrimas fica olhando soluçando pro sangue espalhado pela sala e pro garoto com o cabo da vassoura na mão falando pro cachorro: "vai latino, vai pegar o pauzinho.... levanta latino, vai pegar o pauzinho!!!! latino, não está me ouvindo?? vai pegar o pauzinho!!!"
(...)
- mãe! tô com fome!
- guenta só um pouco tá que mamãe já tá fazendo a comidinha.
- mãe! tô com fome!
- a comida tá quase pronta orlandinho! espera só mais um pouquinho tá?
- mãe! tô com fome! mãe! tô com fome!
mulher guerreira essa, trabalha no jornal o globo como entregadora e todo dia acorda as 2 da manhã pra entregar jornal no jardim botânico; mora na cidade de deus com seu filho de 6 anos que tem esquizofrenia, seu marido que é motorista de ônibus e sua tia-avó com seus 80 anos já meio cega que quando precisa, toma conta de seu filho.
orlandinho estava brincando com seu cachorro esperando a comida ficar pronta quando madalena se lembrou que estava devendo ao cara do açougue. ele tinha falado que tinha que ter pago ontem mas valdir teve que dobrar no trabalho e não pôde passar no açougue para pagar. madalena então resolveu ligar pro valdir pra lembrá-lo de passar no açougue quando estiver voltando pra casa.
- oi amor! (pausa) lembra que estamos devendo ao açougue? (pausa) amor não fale assim comigo... (soluços e mais soluços e mais lágrimas).
orlandinho ao mesmo tempo que estava brincando com o cachorro estava prestando atenção na conversa da sua mãe com seu pai e mais uma vez sabe o que vai acontecer. valdir sempre bebe e cheira e fica devendo a deus e o mundo - ainda mais puto do jeito que deve ter ficado com a notícia - e quando chega em casa espanca a mãe e depois mete a pica na tia avó dela ao mesmo tempo que manda orlandinho ficar lambendo seu saco. orlandinho que estava brincando com o cachorro coloca o piru já duro pra fora e começa a comer o cachorro. a mãe assustada com aquilo fala com o valdir:
- valdir! o nosso filho está comendo o cachorro!!!!! (longa pausa)
madalena começa a dar uns tapas em orlandinho pra ele largar o cachorro mas é em vão...
- valdir, o que eu faço??????!!!!! (longa pausa)
orlandinho ainda metendo começa a esganar o cachorro e a meter a porrada nele. larga o cachorro e pega a vassoura da cozinha e começa a enfiar no cu do cachorro até matar. madalena vê o sangue espalhado pela cozinha toda e fala o que aconteceu pro valdir. o telefone fica mudo e cai a ligação; logo depois ela tenta ligar pro valdir de novo mas o telefone dá fora de área.
madalena deixa cair o telefone na cozinha, junto com ele ela vai caindo abraçando o pé da mesa da cozinha chorando com soluços intensos. ela pega a toalha de pano de prato e limpando os olhos de lágrimas fica olhando soluçando pro sangue espalhado pela sala e pro garoto com o cabo da vassoura na mão falando pro cachorro: "vai latino, vai pegar o pauzinho.... levanta latino, vai pegar o pauzinho!!!! latino, não está me ouvindo?? vai pegar o pauzinho!!!"
(...)
Eduardo - O "Filósofo"
Acordo atrasado. cansado. deprimido. Hoje não fui nadar, estava cansado. deprimido. atrasado. E finalmente recomeço a pensar, a respirar com a mente. Agora só paro quando dormir de novo. Ou nem isso. Posso ficar a noite inteira pensando e sonhando...Sei que ontem descobri uma coisa interessante: que tenho dor de cabeça desde que nasci. Eu só não tinha me dado conta disso. Eu era como um peixe que vive sua vida toda e não chega a perceber que viveu este tempo todo na água, pois jamais pôde estar fora da água para se dar conta disso...Me sinto cansado. "Teu mapa é um Booom!" disse o astrólogo, mas eu só sinto preguiça. "A lua em gêmeos não sente, ela pensa". Quem está pensando aqui? eu? Certo, eu me rendo, só o que sinto é um profundo cansaço. O resto é pensamento. Touché. Levanto e penso: mais um dia. Ai que saco. Tomo banho e penso: mais um dia. Mas que saco. Visto a minha roupa e vou pro trabalho fazer o que um homem precisa fazer. Ganhar dinheiro para sobreviver. Bom dia, pessoal. Cadê o playboy? Qualquer dia desses vou soltar toda a minha raiva acumulada durante 25 anos socando a cara dele até ele apagar. Vou almoçar. Ai que saco. Almoço. Mas que saco. "Acho que vou voltar a fumar" penso, mas sei que não vai adiantar nada, só me dar mais cansaço e preguiça. É vero. Veritas. Qui est veritas? Minha cabeça pesa 50 quilos. Penso no destino e na verdade da vida enquanto minha dor de cabeça tenta me jogar de volta pra mãe terra. Cansado. Preciso fazer algo a respeito disso. Mas o quê meu Deus? Talvez Luis Capucho possa me dizer. Ou o Sr.Leo poeta. Sei lá. Acho que preciso conversar. E fumar um cigarro. Marlboro. Ou Lucky Strike. Tanto faz.
sábado, março 18, 2006
valdir - o motorista de ônibus
tchhh tchhhh tchhhhh fommmmmm fommmmmmmm!!!!
- ah vá se fudê seu bosta!
piiiiiii.
- é nesse agora?
- é!
- valeu motor!
"valeu o caralho seu merda." pensou valdir. o trânsito do parque laje até o hospital da lagoa hoje estava fora do normal - andava 1 metro a cada 10 minutos - e o asfalto estava parecendo magma. o suor descia pelo rosto encharcando sua camisa e uma mosca varejeira estava desde botafogo querendo entrar no seu ouvido. toc toc toc. valdir olhou pra porta da frente e uma cabeça iluminada à luz do sol ofuscou seus olhos. ele abriu a porta e uma doce velhinha subiu no ônibus.
- obrigado motorista. posso ficar aqui na frente?
- lógico minha doce sehhorinha.
acelerou e saiu arrancando passando as marchas freneticamente e se a velhinha não tivesse se agarrado à roleta ela teria voado pela porta da frente ainda aberta. o termômetro da rua jardim botânico marcava 38 graus e o 179 estava lotado nessa manhã de sexta-feira. todos no ônibus fitavam o avatar no vidro atrás do motorista com o são jorge matando o dragão. o celular do valdir tocou. ele atendeu passando rasgando os sinais vermelhos com apitos de guardas e fodam-se todos.
"sim fala! (pausa) mas eu já te falei mil vezes porra! o que eu posso fazer! to trabalhando pra caralho, to desde ontem nessa porra e já to dobrando hoje! o que mais vc quer que eu faça? (pausa) o quê? o que ele está fazendo? faz alguma coisa madalena! sou sempre eu que tenho que resolver tudo? tá me achando com cara de atlas?" - valdir jamais se esquecera da figura do atlas carregando o globo em suas costas na capa de um livro em um sebo na rua da carioca - "ô madalena, que barulheira é essa de cachorro aí atrás??? (grande pausa)" o ônibus estava chegando no túnel zuzu angel e valdir depois de escutar algo que o deixou com os olhos arregalados pegou o telefone e zuniu pela janela. a velhinha olhou para valdir também com os olhos arregalados e ele olhou pra ela e disse: "é minha senhora, quanto mais eu rezo mais assombração me aparece". a mosca varejeira conseguiu nesse exato momento entrar em seu ouvido e ele na tentativa de tirar o bicho de lá perdeu o controle da direção por um momento e fechou um cara que tava passando com um alfa romeu. o cara freiou bruscamente - sons de freios e buzinas ecoaram pelo túnel - e valdir conseguiu tirar a mosca de seu ouvido. a sineta da parada do ônibus começou a tocar - era a garotada da escola pública brincando e fazendo algazarra dentro do ônibus. o cara do alfa romeu passou ao lado do ônibus e buzinou e buzinou e buzinou e sinetas do ônibus e gargalhadas e buzinou e parou bem ao lado do ônibus e abaixou o vidro. valdir olhou pro cara e o cara olhou pro valdir com seu óculos ray ban e falou em alto e bom som: "seu arrombado de merda! vai tomar no cú!". aí então algo aconteceu: valdir olhou pra frente e ficou apático por alguns segundos. a velinha ficou fitando bem valdir. seu rosto ficou pálido; parecia que todas as forças dele tinham ido embora e com um olhar vago semi morimbundo ficou parado olhando sem piscar para a luz lá na frente do túnel. o cara do alfa romeu fechou o ônibus e fez aquele clássico sinal com a mão que representa uma piroca. valdir ficou olhando para frente e pra mão em forma de piroca com a boca aberta ainda sem piscar com as pálpebras meio caídas sem vida alguma, uma cena realmente triste de se ver. a velinha continuou olhando pro valdir com cara de assustada quando ela reparou que a mão de valdir começou a tremer. ele tirou de seu bolso uma bombinha de asma e deu uma bombada. valdir então começou a gargalhar, a uivar e a espumar...
...
- ah vá se fudê seu bosta!
piiiiiii.
- é nesse agora?
- é!
- valeu motor!
"valeu o caralho seu merda." pensou valdir. o trânsito do parque laje até o hospital da lagoa hoje estava fora do normal - andava 1 metro a cada 10 minutos - e o asfalto estava parecendo magma. o suor descia pelo rosto encharcando sua camisa e uma mosca varejeira estava desde botafogo querendo entrar no seu ouvido. toc toc toc. valdir olhou pra porta da frente e uma cabeça iluminada à luz do sol ofuscou seus olhos. ele abriu a porta e uma doce velhinha subiu no ônibus.
- obrigado motorista. posso ficar aqui na frente?
- lógico minha doce sehhorinha.
acelerou e saiu arrancando passando as marchas freneticamente e se a velhinha não tivesse se agarrado à roleta ela teria voado pela porta da frente ainda aberta. o termômetro da rua jardim botânico marcava 38 graus e o 179 estava lotado nessa manhã de sexta-feira. todos no ônibus fitavam o avatar no vidro atrás do motorista com o são jorge matando o dragão. o celular do valdir tocou. ele atendeu passando rasgando os sinais vermelhos com apitos de guardas e fodam-se todos.
"sim fala! (pausa) mas eu já te falei mil vezes porra! o que eu posso fazer! to trabalhando pra caralho, to desde ontem nessa porra e já to dobrando hoje! o que mais vc quer que eu faça? (pausa) o quê? o que ele está fazendo? faz alguma coisa madalena! sou sempre eu que tenho que resolver tudo? tá me achando com cara de atlas?" - valdir jamais se esquecera da figura do atlas carregando o globo em suas costas na capa de um livro em um sebo na rua da carioca - "ô madalena, que barulheira é essa de cachorro aí atrás??? (grande pausa)" o ônibus estava chegando no túnel zuzu angel e valdir depois de escutar algo que o deixou com os olhos arregalados pegou o telefone e zuniu pela janela. a velhinha olhou para valdir também com os olhos arregalados e ele olhou pra ela e disse: "é minha senhora, quanto mais eu rezo mais assombração me aparece". a mosca varejeira conseguiu nesse exato momento entrar em seu ouvido e ele na tentativa de tirar o bicho de lá perdeu o controle da direção por um momento e fechou um cara que tava passando com um alfa romeu. o cara freiou bruscamente - sons de freios e buzinas ecoaram pelo túnel - e valdir conseguiu tirar a mosca de seu ouvido. a sineta da parada do ônibus começou a tocar - era a garotada da escola pública brincando e fazendo algazarra dentro do ônibus. o cara do alfa romeu passou ao lado do ônibus e buzinou e buzinou e buzinou e sinetas do ônibus e gargalhadas e buzinou e parou bem ao lado do ônibus e abaixou o vidro. valdir olhou pro cara e o cara olhou pro valdir com seu óculos ray ban e falou em alto e bom som: "seu arrombado de merda! vai tomar no cú!". aí então algo aconteceu: valdir olhou pra frente e ficou apático por alguns segundos. a velinha ficou fitando bem valdir. seu rosto ficou pálido; parecia que todas as forças dele tinham ido embora e com um olhar vago semi morimbundo ficou parado olhando sem piscar para a luz lá na frente do túnel. o cara do alfa romeu fechou o ônibus e fez aquele clássico sinal com a mão que representa uma piroca. valdir ficou olhando para frente e pra mão em forma de piroca com a boca aberta ainda sem piscar com as pálpebras meio caídas sem vida alguma, uma cena realmente triste de se ver. a velinha continuou olhando pro valdir com cara de assustada quando ela reparou que a mão de valdir começou a tremer. ele tirou de seu bolso uma bombinha de asma e deu uma bombada. valdir então começou a gargalhar, a uivar e a espumar...
...
quinta-feira, março 16, 2006
"Esquizofrenia" ou "Identificação objetal"
Ninguém nos avisou que arrombar as portas da perçepção é algo perigoso. Normalmente não se segura o tranco. Não é pra menos. O tranco é forte. No mar onde os místicos nadam, os drogados afundam e não diferenciam mais nada. Só padecem.
Vive-se uma completa falta de sentido. Corajoso daquele que espalha para todos que está em crise. A maioria de nós apenas vive seu desespero quietinho no canto mais familiar de suas vidas, como os ingleses fazem, rezando para que ninguém descubra que somos completamente pirados e nos coloquem no pinel. Todo mundo em crise. Este deveria ser o slogan, senão do país inteiro, pelo menos da minha geração. Somos filhos do niilismo e do desespero da falta de referências, pois a ordem era destruir a tradição. Jogaram uma bomba atômica na metafísica e agora querem viver das cinzas (ou de capoeira). Agora somos seres jogados no nada, sem qualquer tipo de revolução política para confortar nosso pavor diante da falta de sentido de tudo. Não temos mais esta ilusão. A solução não é mais pegarmos em armas, mas cada um, individualmente, fazer sua própria revolução espiritual. Como já diria Tyler Durdeen, "nós não temos uma grande depressão ou grande guerra. Nossa grande guerra é uma guerra espiritual e nossa grande depressão são as nossas vidas." Assim seja.
Não há mais lugar pra crises neste mundo, caro amigo. Estão todos dormindo e não querem ser acordados. Não querem sair da caverna, e certamente te matariam caso você quisesse realmente desacorrentá-los e puxá-los para fora de sua amada rotina. Mas porque não conseguimos dormir também? Pode esquecer as caixas e mais caixas de Lexotan, Frontal, Rivotril e mais quantos remédios você quiser incluir neste coquetel de ilusões. Estes não fazem mais efeito.
O que faz efeito então? Esqueça psicólogos, psiquiatras...Tudo está escrito nos livros. Tudo está dito na mitologia. Na filosofia. Na astrologia. Os grandes sábios sabiam do que estavam falando. Procure um sentido no fundo do seu coração e de sua mente pois é lá e somente lá que pode-se encontrar a solução do problema que você próprio criou. A esfinge mora dentro da tua cabeça, amigo. Decifra-te ou devora-te. Conhece-te a ti mesmo. Está na hora de crescer, caro édipo com síndrome de peter pan...A vida é sofrimento e você não pode decidir largá-la assim. Somos homens e temos que lutar como homens. Você crê que vive em dois mundos mas isso é só vaidade.
Você é um homem e deve viver como um homem satisfeito.
Talvez um psiquiatra ou terapeuta possa te ajudar a olhar lá dentro, como um sacerdote que ajuda o menino a passar pelo rito de iniciação. O que é certo é que está na hora de crescer e assumir todas as dimensões de sua vida. E tenho fé que do fundo do seu ser nascerá coisas verdadeiramente maravilhosas.
Vive-se uma completa falta de sentido. Corajoso daquele que espalha para todos que está em crise. A maioria de nós apenas vive seu desespero quietinho no canto mais familiar de suas vidas, como os ingleses fazem, rezando para que ninguém descubra que somos completamente pirados e nos coloquem no pinel. Todo mundo em crise. Este deveria ser o slogan, senão do país inteiro, pelo menos da minha geração. Somos filhos do niilismo e do desespero da falta de referências, pois a ordem era destruir a tradição. Jogaram uma bomba atômica na metafísica e agora querem viver das cinzas (ou de capoeira). Agora somos seres jogados no nada, sem qualquer tipo de revolução política para confortar nosso pavor diante da falta de sentido de tudo. Não temos mais esta ilusão. A solução não é mais pegarmos em armas, mas cada um, individualmente, fazer sua própria revolução espiritual. Como já diria Tyler Durdeen, "nós não temos uma grande depressão ou grande guerra. Nossa grande guerra é uma guerra espiritual e nossa grande depressão são as nossas vidas." Assim seja.
Não há mais lugar pra crises neste mundo, caro amigo. Estão todos dormindo e não querem ser acordados. Não querem sair da caverna, e certamente te matariam caso você quisesse realmente desacorrentá-los e puxá-los para fora de sua amada rotina. Mas porque não conseguimos dormir também? Pode esquecer as caixas e mais caixas de Lexotan, Frontal, Rivotril e mais quantos remédios você quiser incluir neste coquetel de ilusões. Estes não fazem mais efeito.
O que faz efeito então? Esqueça psicólogos, psiquiatras...Tudo está escrito nos livros. Tudo está dito na mitologia. Na filosofia. Na astrologia. Os grandes sábios sabiam do que estavam falando. Procure um sentido no fundo do seu coração e de sua mente pois é lá e somente lá que pode-se encontrar a solução do problema que você próprio criou. A esfinge mora dentro da tua cabeça, amigo. Decifra-te ou devora-te. Conhece-te a ti mesmo. Está na hora de crescer, caro édipo com síndrome de peter pan...A vida é sofrimento e você não pode decidir largá-la assim. Somos homens e temos que lutar como homens. Você crê que vive em dois mundos mas isso é só vaidade.
Você é um homem e deve viver como um homem satisfeito.
Talvez um psiquiatra ou terapeuta possa te ajudar a olhar lá dentro, como um sacerdote que ajuda o menino a passar pelo rito de iniciação. O que é certo é que está na hora de crescer e assumir todas as dimensões de sua vida. E tenho fé que do fundo do seu ser nascerá coisas verdadeiramente maravilhosas.
segunda-feira, março 13, 2006
"dudu doença"
De Antônio, lembro-me bem do olhar. Olhar arregalado, olhar alucinado, olhar curioso, vivo, agoniado. Drogado. Antonio te olhava com uma pergunta. Antônio te olhava no fundo do olho. Antônio te olhava procurando por um parceiro de loucura, um companheiro que sentisse todo o espanto, êxtase e desespero de estar verdadeiramente vivo. Era um olhar intenso. Mas não era um olhar intimidador. Pelo menos ele não me intimidava, pois eu sentia que seu olhar não era de crítica, mas de pura curiosidade. Infantil. Antônio procurava por pessoas como ele, pessoas vivas, angustiadas, agoniadas e espantadas com a vida. Caso contrário, ele simplesmente não se interessava. Para Antônio as pessoas "normais" estavam mortas, ou simplesmente não faziam parte de seu mundo. Ele simplesmente não entendia.
"A diferença entre depressão e sabedoria é ínfima" já dizia o único filósofo que conheci. Acho que Antônio estava deprimido. Antônio não era filósofo. Antônio era místico. Antônio era descaralhado. Antônio era uma criança vivendo no corpo de um adulto. Antônio era uma criança brincando de louco.
Outro dia conheci um cara que tinha o mesmo olhar de Antônio. Igualzinho. Me foi apresentado como Bebê, e deve ter seus 60 anos, um pouco mais velho que Antônio quando morreu.
Sonhei hoje que estávamos em Mauá, eu, Verme, Daniel. Talvez Antônio estivesse também. Ou talvez eu esteja só forçando a barra. De qualquer forma, estávamos num platô no alto de uma montanha e tinha um grupo fumando maconha e atrás de nós tinha um cara velho com cabelo branco, liso e comprido, em pé, parado, vestindo uma espécie de batina preta e conjurando umas palavras de magia negra, invocando forças da natureza e soltando pragas para sei lá quem, e as pessoas da roda comentavam: olha, o bispo taí. Era o bispo de Mauá, uma figura conhecida de lá, meio mística, meio sinistra. Sei que foi um sonho estranho.
"A diferença entre depressão e sabedoria é ínfima" já dizia o único filósofo que conheci. Acho que Antônio estava deprimido. Antônio não era filósofo. Antônio era místico. Antônio era descaralhado. Antônio era uma criança vivendo no corpo de um adulto. Antônio era uma criança brincando de louco.
Outro dia conheci um cara que tinha o mesmo olhar de Antônio. Igualzinho. Me foi apresentado como Bebê, e deve ter seus 60 anos, um pouco mais velho que Antônio quando morreu.
Sonhei hoje que estávamos em Mauá, eu, Verme, Daniel. Talvez Antônio estivesse também. Ou talvez eu esteja só forçando a barra. De qualquer forma, estávamos num platô no alto de uma montanha e tinha um grupo fumando maconha e atrás de nós tinha um cara velho com cabelo branco, liso e comprido, em pé, parado, vestindo uma espécie de batina preta e conjurando umas palavras de magia negra, invocando forças da natureza e soltando pragas para sei lá quem, e as pessoas da roda comentavam: olha, o bispo taí. Era o bispo de Mauá, uma figura conhecida de lá, meio mística, meio sinistra. Sei que foi um sonho estranho.
sexta-feira, março 10, 2006
"encontro nupcial de nuvens" - in memorian
papai morreu.
o chamava de verme-mor, o punk-budista pos-moderno.
cagava pras convensoes e nem pensava no significado de ir ao montana grill com camisa rasgada.
no enterro ao ver aquele pedaco de carne podre dentro do caixao comecei a rir e pensar que se ele estivesse em algum lugar naquele momento estaria rindo pra caralho da nossa cara com o violao na mao e fumando um mega baseado.
ele queria ser cremado, e ao jogar as cinzas dele no rio preto em visconde de mauá queria que eu e meus amigos acendêssemos um baseadão para a despedida - esse era o testamento definitivo. os testamentos alternativos eram: ele queria que eu cheirasse suas cinzas, ele dizia que daria mó onda (pó[de] viciado); ou então queria que eu fumasse o pó. enfim, ele não pôde ser cremado e lá fomos nós para aquele ritual fúnebre patético de enterrar pedaços de carne e deixá-los à degustação dos vermes. putz, que ritual bizarro!
sempre quando ligava pra casa dele e ninguem atendia eu já achava que tinha chegado a hora, mas não, era sempre alarme falso. dessa vez estávamos eu e renata na ilha grande quando acordei no dia de ir embora (sexta-feira) e ela me falou: "sonhei que seu pai tinha morrido e você não quis me contar". eu falei rindo: "vai ver que morreu mesmo". no sabado a noite liguei pra casa dele e ninguem atendeu. "lógico né gabriel, defuntos além do filme ghost não atendem telefones....". e eu na segunda indo pro trabalho fiquei pensando: "sempre desejei a morte do meu pai, será que se ele morrer vou me sentir culpado?". só quem conviveu com ele sabe o porque deu desejar a morte dele - não sou um cara mal .... (pelo menos eu acho que não).
enfim, antônio morreu. não se sabe ao certo o dia nem a hora - quem se importa com um alcólatra e viciadinho de pó na emergência de um hospital? não chorei, tremi trimiliques intensos. se eu fumasse ainda teria fumado 50000000000000000 cigarros. liguei para todas as pessoas que já tiveram alguma ligação com ele e estavam na minha lista de contatos do celular.
para todos eu falava: "VERME-MOR MORREU" ou "O GRANDE VERME MORREU"
e todos: "ÓHHHHH." bla bla bla
voltando da taquara de ônibus o que mais me emocionou foi pensar que eu nunca mais escutaria as músicas dele. ele sempre me falava "pô gabriel, vocÊ tem que aprender minha músicas ... e se eu morrer?" é pai, vc morreu e as músicas se foram. sei todas as melodias aqui na minha cabeça mas ....
é, foi barra.
depois do enterro, bebemos um engradado de cerveja no plebeu em botafogo e na cabeceira da mesa deixamos um cigarro aceso e um copo cheio, "garçon, não mecha nesse copo, é o copo do antônio!" disse o alexandre. rimos e contamos as historias que lembravamos dele e que eram as mais engracadas. acho que ele ficaria feliz com um enterro desses, muito mais do que choros e melancolias ...
ontem a noite antes de dormir ele estava aqui em casa. ficou me azucrinando e rindo deu ficar assustado com a presença dele. pedi pra ele não fazer aquilo pq eu estava ficando com medo e queria dormir. pedi pra ele ir pra luz e nao ficar aqui zanzando na terra. "o que vc quer aqui mermão! vai descansar! eu te amo! mas vai nessa!" ele parou e acordei hoje de manha com a luz do abajur acesa.....
o chamava de verme-mor, o punk-budista pos-moderno.
cagava pras convensoes e nem pensava no significado de ir ao montana grill com camisa rasgada.
no enterro ao ver aquele pedaco de carne podre dentro do caixao comecei a rir e pensar que se ele estivesse em algum lugar naquele momento estaria rindo pra caralho da nossa cara com o violao na mao e fumando um mega baseado.
ele queria ser cremado, e ao jogar as cinzas dele no rio preto em visconde de mauá queria que eu e meus amigos acendêssemos um baseadão para a despedida - esse era o testamento definitivo. os testamentos alternativos eram: ele queria que eu cheirasse suas cinzas, ele dizia que daria mó onda (pó[de] viciado); ou então queria que eu fumasse o pó. enfim, ele não pôde ser cremado e lá fomos nós para aquele ritual fúnebre patético de enterrar pedaços de carne e deixá-los à degustação dos vermes. putz, que ritual bizarro!
sempre quando ligava pra casa dele e ninguem atendia eu já achava que tinha chegado a hora, mas não, era sempre alarme falso. dessa vez estávamos eu e renata na ilha grande quando acordei no dia de ir embora (sexta-feira) e ela me falou: "sonhei que seu pai tinha morrido e você não quis me contar". eu falei rindo: "vai ver que morreu mesmo". no sabado a noite liguei pra casa dele e ninguem atendeu. "lógico né gabriel, defuntos além do filme ghost não atendem telefones....". e eu na segunda indo pro trabalho fiquei pensando: "sempre desejei a morte do meu pai, será que se ele morrer vou me sentir culpado?". só quem conviveu com ele sabe o porque deu desejar a morte dele - não sou um cara mal .... (pelo menos eu acho que não).
enfim, antônio morreu. não se sabe ao certo o dia nem a hora - quem se importa com um alcólatra e viciadinho de pó na emergência de um hospital? não chorei, tremi trimiliques intensos. se eu fumasse ainda teria fumado 50000000000000000 cigarros. liguei para todas as pessoas que já tiveram alguma ligação com ele e estavam na minha lista de contatos do celular.
para todos eu falava: "VERME-MOR MORREU" ou "O GRANDE VERME MORREU"
e todos: "ÓHHHHH." bla bla bla
voltando da taquara de ônibus o que mais me emocionou foi pensar que eu nunca mais escutaria as músicas dele. ele sempre me falava "pô gabriel, vocÊ tem que aprender minha músicas ... e se eu morrer?" é pai, vc morreu e as músicas se foram. sei todas as melodias aqui na minha cabeça mas ....
é, foi barra.
depois do enterro, bebemos um engradado de cerveja no plebeu em botafogo e na cabeceira da mesa deixamos um cigarro aceso e um copo cheio, "garçon, não mecha nesse copo, é o copo do antônio!" disse o alexandre. rimos e contamos as historias que lembravamos dele e que eram as mais engracadas. acho que ele ficaria feliz com um enterro desses, muito mais do que choros e melancolias ...
ontem a noite antes de dormir ele estava aqui em casa. ficou me azucrinando e rindo deu ficar assustado com a presença dele. pedi pra ele não fazer aquilo pq eu estava ficando com medo e queria dormir. pedi pra ele ir pra luz e nao ficar aqui zanzando na terra. "o que vc quer aqui mermão! vai descansar! eu te amo! mas vai nessa!" ele parou e acordei hoje de manha com a luz do abajur acesa.....
quarta-feira, março 08, 2006
"Lula vai salvar o Brasil" ou "O que importa?"
Desejos por trás de desejos por detrás de outros desejos e onde está a verdade!?! Pensamentos que se encadeiam em outros pensamentos que não significam nada ao mesmo tempo em que podem significar tudo. Mas e daí? Explicações também nunca explicaram nada, já dizia vóvó! Onde está a verdade? O que resta? Sensação. Tédio. Quero dormir sem sonhar para não começar mais uma vez a interpretar e lá vamos nós de novo nesta montanha russa circular...E se eu saltasse? O que eu faria? Sei que não me pagam pra escrever aqui. E me pagam pra quê? Porquês não explicam nada, nem eu sei o que eu estou fazendo aqui. Sei que estou sendo pago. E só. Por isso venho para cá. Para onde mais eu iria? Um dia desses eles também acabam se perguntando: O que ele está fazendo aqui? E então finalmente vou embora para mais uma vez tentar procurar mais alguma coisa pra fazer e ganhar algum dinheiro...E mais uma vez eu me pergunto, pra que? Infinitas possibilidades e eu aqui...Falta de imaginação? Quem sabe...Talvez exista algo de interessante a se fazer neste mundo, mas continuo com preguiça de procurar. Haja Karma pra tanta circularidade! Quem sabe o destino não reservou algo de mágico para hoje e eu aqui a pensar: "nada acontece"...
"O suicídio está na moda lá na alemanha" ouvi uma vez de alguém que poderia ser o fundador e presidente supremo e eterno desta Crise Neo Under Tao. Seria viver em crise a única maneira de realmente se viver? eu me pergunto sinceramente, e logo me respondo: talvez. In memorian, sabemos para quem. Descanse em paz.
"O suicídio está na moda lá na alemanha" ouvi uma vez de alguém que poderia ser o fundador e presidente supremo e eterno desta Crise Neo Under Tao. Seria viver em crise a única maneira de realmente se viver? eu me pergunto sinceramente, e logo me respondo: talvez. In memorian, sabemos para quem. Descanse em paz.
Assinar:
Postagens (Atom)