O ovo se quebra e o Pai se faz presente - "Ele está no meio de nós". Cristo com a sua espada samurai desfere apenas um golpe, cortando o ego ao meio e obrigando-o a expandir a sua experiência.
A crise irrompe. Nada é mais seguro. Controlado. A mente não dá conta de traduzir o que foi experienciado. A linguagem agora é completamente inútil. O pensamento acelera e, em círculos de fogo, tenta explicar o que não pode ser explicado. Apenas vivenciado. Sentido.
O coração desperta. O mundo se desfaz e se refaz novamente. A mente começa a projetar mundos familiares alucinadamente. O dia escureçe e a "noite da alma" surge para destruir tudo o que sempre foi certeza psicótica. "Pai, porque me abandonastes?"
Os desejos agora aparecem como o que sempre foram verdadeiramente: brincadeirinhas de criança. Falso. Infinito sofrimento. Ilusão.
O passado não existe mais. Apenas o momento presente. Eterno. Não há saída. O futuro se mostra como ele sempre foi verdadeiramente: uma miragem em que a mente se agarra para não sucumbir à eternidade. A mente só traduz o que pode ser incluído na "história". Mas agora não existe mais o tempo. Apenas a eternidade.
O coração está desperto e o miserável "sujeito" faz de tudo para se agarrar ao "mundo real". - "Devo estar ficando louco" - diz o pensamento.
Uma coisa é conhecer o caminho. Outra é atravessá-lo. O ritual de iniciação macabro deve ser experienciado até o fim.
O corpo físico, infantil é finalmente desmembrado, esfaçelado, destruído e abandonado para trás. O nascimento espiritual miraculosamente toma lugar e se faz presente. Amém.
Ao final da grande travessia, o coração se abre e o mundo se refaz novamente, agora mais límpido e luminoso. Maduro. Real. Todos os seres se tornam visceralmente iguais ao experienciador. Tu és isto. Agora os "desejos" e o "sujeito" são experienciados como eles verdadeiramente são: meros instrumentos para sempre dobrados pelo Espírito Santo.
Após a grande travessia, a linguagem continua a falar sobre coisas que não podem ser faladas. Mas, se não falarmos sobre o que não pode ser dito, o que resta?
BLABLABLABLABLABLABLABLABLABLABLABLABLA...................
7 comentários:
Obrigado pelos elogios.
Um grande 2008 pra você e sua família.
aquele abraço
querido, obrigada pelas provocações e pelo texto.
sei que usamos das mais diversas tentativas para lidar com algo tão assombroso quanto a nossa vida. li uma coisa linda da Clarice Lispector e lembrei imediatamente de ti e do que vc falou. aí vai:
"Agora eu conheço esse grande susto de estar viva, tendo como único amparo exatamente o desamparo de estar viva. De estar viva - senti - terei que fazer o meu motivo e tema. Com delicada curiosidade, atenta à fome e à própria atenção, passei então a comer delicadamente viva os pedaços de pão."
Feliz ano novo!
Tem uma resposta pra você lá no Intransferível.
bjs
Depois de mto tempo sem visitar este blog, li atenciosamente A Grande Travessia... Gosto da forma de expressão de Eduardo Quental...
eu não entendi nada... ou eu to ficando burro ou o dudu enlouqueceu....
ou os dois!
Agradeci seu comentário lá no Intransferível. Passa lá...
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