Debaixo do cobertor e completamente ensopado de suor, o homem subitamente acorda.
Agora sentado, o homem ainda sente a mão da velha sinistra latejando bem no meio de suas costas. Subitamente se dá conta (e ao fazer isso, se assusta) que o breu onde se encontra é absoluto. Com medo, ele procura um interruptor, alguma luz, qualquer luz que torne o mundo real novamente. O medo aumenta gradativamente na medida em que todas as suas tentativas falham. O breu é absoluto e agora não há qualquer indício de luz alguma. O homem agora não se encontra em lugar algum. Seus pensamentos aceleram, sua mente começa a delirar e a procurar contextos, situações ou espaços familiares. Neste instante o homem percebe o seu próprio desespero, e ao fazer isso, se desespera mais ainda. Sua mente agora roda em uma velocidade incontrolável à procura de algo minimamente familiar. Ele agora não controla mais os seus pensamentos. Neste instante o homem é bruscamente tragado pelas fendas da mente e obrigado a se deparar com o muro de pedra que aprisiona a si próprio. O instante em que percebe não ser mais o verdadeiro dono de sua própria mente é absolutamente aterrador.
De repente, sua mente pára.
O tempo não existe mais. A eternidade é tudo e tudo está divinamente iluminado. O Ser compreende sua verdadeira natureza. Ele se arrasta para fora do casulo, bate as asas e voa pelo infinito jardim de grama verde e flores coloridas. A borboleta dança ao redor das árvores imensas e pedras eternas e reconhece o verdadeiro sentido de tudo o que é realidade.
Um comentário:
Kurosawa,
bom entrar em contato com seus textos novamente. VALEU a sua gravidez, esse tempo de espera...Tua última reprodução foi fruto de uma reflexão...e de uma vivência intensa. Este texto me fez lembrar de Metamorfose de Kafka, e de alguma forma, lembrei de algumas cenas do romantico filme caminhando nas nuvens.
Casulo e muro são realidades q sempre estão diante de nós...
valeu, pensador.
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