A graça do "crise neo under tao" pra mim é escrever coisas que saem de dentro de mim sem eu nem saber de onde, e depois de algum tempo passar aqui e ler tua resposta, saber que aquilo ecoou no teu peito! É ler algo que você escreveu e escrever uma resposta praquilo. É saber que algo que pensei cá com os meus botões deu um nó na tua cachola também, ou que algo que senti te tocou lá no fundo, é saber que algo que eu escrevi afetou você, é ler algo que você escreveu que me dê um pancadão. É saber que coisas que eu achava que fossem só minhas são tuas também. É esta conexão, este diálogo meio kerouack on the road entre duas almas que resolvem se sentar uma de frente pra outra e falar tudo o que está se passando pela cabeça sem restrições ou mentiras, é tentar ser o mais sincero possível sem se preocupar se o outro vai gostar ou não, é tentar passar algo da maneira mais pura possível, é transmitir a minha experiência de forma mais autêntica possível pra você. Este é o sentido disso aqui. Pra mim. Não escrevo pra leitores de fora, embora goste de ler comentários e saber que alguém gostou do que escrevi ou me achou um débil mental. Sei que isto é muito difícil, mas pra mim o objetivo é e sempre foi esse. Este é o grande barato disso aqui (pra mim, é claro). Este é o grande barato de nossa amizade (pra mim, é claro), é sentir esta conexão, é ter vontade de te passar a experiência que tenho todos os dias, é tentar entender algo que aconteceu com você. Se isto não é amizade, eu não sei o que esta palavra significa.
Meu drama suicida não adiantou pra fazer você voltar a se interessar, a refazer esta conexão. Senti tua resposta como se eu fosse um filho de um pai ausente que recebe um brinquedo ou alguma grana e vê o pai indo embora de novo, ao invés de receber um abraço e tê-lo por mais tempo, fazê-lo participar de minhas brincadeiras. Não pense que eu estou projetando minha relação com o meu pai pra você. Minha relação com ele é bem mais complicada do que isso. Talvez, se você quiser pensar nesses termos, eu possa até dizer que te vejo como um irmão, um irmão mais velho, como você já disse uma vez. Mas agora sinto que este irmão está deixando de se interesssar. Sinto a conexão se esvair. Se é por desleixo seu, se é por falta de interesse, por falta de confiança em mim, por alguma decepção, ou falta de tempo ou inspiração, ou somente uma fase (coisa normal da vida, todo mundo passa por isto, certo?) eu não sei, e gostaria muito que você ao menos me dissesse isso. Se você ainda não tiver a resposta pra esta minha pergunta, peço que procures aí dentro de você e tente descobrí-la, mesmo que não seja a resposta certa, mas pelo menos alguma resposta eu gostaria de receber.
De qualquer forma, tudo isso foi bom. Foi bom porque eu descobri o sentido disto aqui. O porque eu escrevo isto aqui. Pelo menos é o que eu acho agora. E por favor não ache que estou fazendo um dramalhão. Não estou. E não me confundam com algum cowboy gay americano apaixonado pelo seu melhor amigo vaqueiro.
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