quarta-feira, junho 08, 2005

Para que?

Para que escrevo? Não é uma necessidade. É uma vontade. Tudo é vontade. Nada é necessidade. Não preciso fazer nada. NADA! Escrevo por que quero me descobrir, embora não há nada que esteja coberto. Escrevo para enganar meus pensamentos, como um hacker. Escrevo para descobrir os furos no sistema da minha própria estrutura racional. Escrevo por que não acredito nos meus pensamentos. Escrevo por desconfiança. Escrever é conversar comigo mesmo, embora haja interlocutores que leiam o que escrevo. Não escrevo para você. Escrevo para Deus numa tentativa de receber um sinal divino por detrás de minhas palavras. Em quem confiar senão em mim mesmo? Se encontrar Buda pela estrada, mate-o! Escrevo por que sou contraditório. Escrever é uma forma de cristalizar meu pensamento,que é contradição. Para olhar o paradoxo e rir. Rir de como tudo o que penso é negado logo em seguida. Não há fórmulas para se compreender a vida, ela acontece e ponto. A vida fala a todo o instante, embora não prestemos atenção a ela. Por isso, repetimos a mesma coisa tantas vezes, vivemos a mesma coisa tantas vezes. Até que compreendamos o que a vida quer nos dizer.

DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros
Não subas aos sótãos - Onde
Os deuses, por trás das suas máscaras
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana

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